Os Estados Unidos rejeitaram nesta quarta-feira, 09, o recente acordo nuclear negociado entre Brasil, Turquia e o Irã sobre a troca de urânio enriquecido iraniano no exterior, por considerá-lo “não realista” em seus prazos e condições técnicas.
Assim anunciou o embaixador dos EUA diante da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Glynn Davies, durante seu discurso no plenário do Conselho de Governadores da AIEA em Viena.
O acordo trilateral, assinado em meados de maio em Teerã, “não leva em conta o fato de que o Irã não cumpre com suas obrigações de não-proliferação (nuclear)”, sentenciou o diplomata, poucas horas antes de o Conselho de Segurança da ONU votar em Nova York novas sanções contra o Irã.
Pela negociação, o Irã deveria enviar 1,2 mil quilos de urânio enriquecido à Turquia. Em troca, o país receberia um ano depois combustível enriquecido para seu reator científico.
O combustível seria produzido na França, com base em tecnologia americana e apoio da Rússia. A proposta foi lançada inicialmente em outubro pelo anterior diretor-geral da AIEA, Mohamed ElBaradei.
Então, a ideia era criar confiança entre as partes para poder negociar com o Irã sob menor pressão uma solução dialogada para o litígio nuclear com a República Islâmica.
E é que ao enviar esses 1,2 mil quilos de urânio enriquecido ao exterior, Irã ficaria com poucas centenas de quilos desse material, passando a certeza à comunidade internacional que não teria condições de construir uma arma nuclear.
Davis destacou, no entanto, hoje que o novo acordo “deixa o Irã com reservas substanciais (de urânio), o que reduz a confiança da proposta original”.