Israel anunciou nesta quinta-feira que vai relaxar o bloqueio à Faixa de Gaza.

A decisão foi tomada cerca de um mês depois do ataque israelense a uma frota que tentava furar o bloqueio a Gaza, para levar ajuda humanitária ao território. A ação resultou na morte de nove ativistas.

O relaxamento do bloqueio foi decidido pelo Gabinete de segurança israelense após dois dias de discussões.

Segundo o coordenador palestino para suprimentos, ouvido pela agência de notícias Reuters, a lista dos produtos que poderão entrar no território palestino inclui todos os tipos de alimentos e ainda brinquedos, material de papelaria, utensílios de cozinha, colchões e toalhas.

Após o anúncio israelense, o Hamas, grupo islâmico que controla a Faixa de Gaza, pediu o fim completo do bloqueio.

Um porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri disse que alguns dos bens que serão permitidos agora são “triviais e secundários”.

“O que é preciso é uma suspensão completa do bloqueio. Pessoas e bens precisão ser livres para entrar sair. Gaza precisa especialmente de material de construção, que devem ser permitidos sem restrições.”

Na Cisjordânia, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas também criticou a decisão israelense, defendendo a suspensão total do embargo.

Até agora, o governo israelense não confirmou a lista de produtos liberados, apenas que materiais de construção estavam nela, desde que estes fossem usados em projetos que contam com supervisão internacional.

Uma nota divulgada pelo gabinete do primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, diz que “o Gabinete (de segurança) decidirá nos próximos dias os passos adicionais para implementar essa política”, disse a nota divulgada

A nota também disse que Israel espera que a comunidade internacional trabalhe para garantir a libertação imediata do soldado Gilad Shalit, capturado por militantes do Hamas em 2006.

Israel vinha bloqueando a entrada de materiais como cimento e aço dizendo que o Hamas poderia usá-los para construir armas e fortalezas.

O relaxamento só se aplica ao bloqueio terrestre nos postos de fronteira com Gaza. O bloqueio naval continua em vigor.

Mudança

Segundo o correspondente da BBC em Jerusalém Tim Franks, o fato de que o Gabinete precisou de um segundo dia de discussões para tomar a decisão sugere que vários ministros resistiram ao relaxamento do bloqueio.

A decisão é considerada uma grande mudança na política israelense, mas analistas dizem que a chave agora é até que ponto e em que velocidade as medidas ocorrerão.

Israel diz que o embargo a Gaza aumenta sua segurança, mas o bloqueio foi vastamente criticado por ferir direitos básicos da população na Faixa de Gaza.

O bloqueio foi imposto por Israel em 2007 quando o Hamas assumiu o controle de Gaza.

As restrições são amplamente condenadas internacionalmente como uma “punição coletiva” aos 1,4 milhão de residentes de Gaza.