A América Latina e o Caribe já consolidaram a recuperação ecônomica iniciada no segundo semestre do ano passado e deverão registrar neste ano crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 5,2%. A conclusão é do Estudo Econômico de América Latina e o Caribe 2009-2010, divulgado hoje (21) no Chile pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
O documento aponta aumento de 3,7% no PIB per capita na região e estima para 2011 crescimento de 3,8%.
De acordo com a Cepal, as maiores taxas de crescimento este ano estão entre na América do Sul. O Brasil, que deve crescer 7,6%, aparece à frente, seguido pelo Uruguai (7%), Paraguai (7%), pela Argentina (6,8%) e pelo Peru (6,7%). Abaixo desse patamar, aparecem a República Dominicana (6%), o Panamá (5%), a Bolívia (4,5%), o Chile (4,3%) e o México (4,1%). A Colômbia deve crescer 3,7%, o Equador e Honduras, 2,5%, e a Nicarágua e a Guatemala, 2%. A previsão para a Venezuela é de retração (-3,0%), assim como para o Haiti (-8,5%), que ainda sofre reflexos do terremoto de janeiro passado.
A Cepal ressalta que o crescimento na região é mais alto do que se previa e muito heterogêneo, com destaque para os países do Mercosul e aqueles que tiveram mais capacidade de implementar políticas públicas. Os dados da Cepal mostram ainda que, em geral, “o maior nível de atividade econômica regional teve impacto positivo sobre o mercado de trabalho, com redução do desemprego na região, onde os índices recuaram de 8,2%, em 2009, para 7,8%, em 2010
O estudo destaca também que o crescimento de algumas economias da região em 2010 consolidou-se graças ao consumo interno, que reagiu positivamente à melhoria dos indicadores do mercado de trabalho, ao crescimento do crédito, ao aumento do investimento e, em menor medida, ao aumento nas exportações.
“A força macroeconômica mostrada pela maior parte dos países da América Latina e do Caribe nos anos que antecederam a crise internacional marcou uma diferença significativa. Os países aproveitaram-se de um período excepcional de prosperidade na economia e nas finanças internacionais para consolidar suas finanças públicas”, diz o documento. Houve, além disso, redução e melhora do perfil de endividamento e aumento das reservas internacionais.
Com isso, diz o estudo, abriu-se mais espaço para medidas de combate à crise e foi possível a recuperação no segundo semestre do ano passado. Para 2011, a Cepal admite que, embora a recuperação tenha ocorrido de forma relativamente rápida, “ainda existem dúvidas e incertezas sobre a evolução econômica global que podem obscurecer o quadro regional, a médio prazo”.
Um dos motivos é a crise na zona do euro que, de acordo com a Cepal, entre outras coisas, pode ter impacto negativo sobre as exportações. O estudo mostra também que há preocupação em algumas economias do Caribe, que têm dívidas elevadas, como Granada (83%) e Barbados (93%).
A Cepal prevê desaceleração no ritmo de crescimento neste semestre e diz que, mesmo crescendo em 2011, as taxas serão menores, de cerca de 3,8%, o que equivale a um aumento 2,6% na produção per capita.
“Diante deste cenário, a Cepal pede aos países que mantenham políticas públicas orientadas para a proteção dos setores mais vulneráveis no marco de uma estratégia mais ampla, que envolva não somente a área social, mas também as políticas macroeconômicas e as políticas produtivas.”