O vice-presidente do Instituto Ethos, Paulo Itacarambi, defende que as empresas transnacionais mantenham nos países em desenvolvimento o mesmo padrão de qualidade das suas nações de origem. Segundo ele, algumas vezes essas companhias buscam vantagens competitivas à custa das sociedades onde as legislações são mais flexíveis.
“A questão central é a empresa ter um padrão único em qualquer país em que esteja” disse Itacarambi. “Onde a lei permite, ela tem uma padrão, onde não permite, ela tem outro?”, perguntou ao participar da Conferência Latino-Americana de Responsabilidade Corporativa na Promoção da Integridade e no Combate a Corrupção.
Como exemplo, ele citou que alguns tipos de agrotóxicos foram proibidos em diversos países, mas no Brasil as empresas produtoras fazem pressão para que seu uso não seja proibido. “Se o produto está sendo banido em 60 países, como é o caso de alguns agrotóxicos, problemas existem. Se existem problemas que provocam danos à saúde, uma empresa que é responsável com a sociedade deveria tomar a iniciativa de não colocar [o produto] no mercado”, destacou.
De acordo com Itacarambi, práticas como essa, apesar de estarem dentro da legalidade, podem causar danos à sociedade. “Empresas que são responsáveis com a sociedade devem utilizar o princípio da precaução.”
De acordo com ele, tais atitudes não ocorrem sem a conivência de parte da sociedade local. “Tem a responsabilidade das empresas que vendem os alimentos, que devem verificar se esses produtos estão contaminados. Tem o agricultor que usa. Essa responsabilidade está em toda a cadeia.”
Para resolver tais situações, Itacarambi defende ainda uma posição mais firme do consumidor, recusando-se a comprar tais produtos com altos níveis de agrotóxicos, e do comércio, que também deve se negar a vendê-los.