A Coreia do Norte afirmou que vai usar um “dissuasor nuclear” em resposta ao exercício militar conjunto da Coreia do Sul e dos Estados Unidos, marcado para este domingo.

Segundo a agência estatal de notícias norte-coreana KCNA, Pyongyang está pronta para lançar uma “guerra santa retaliatória” a qualquer momento.

Washington e Seul justificaram os exercícios, afirmando que foram convocados para deter a agressão norte-coreana.

A tensão entre as duas Coreias aumentou desde o afundamento de um navio de guerra sul-coreano em março passado.

Uma investigação internacional concluiu que o navio foi afundado por um torpedo norte-coreano, acusação negada veementemente por Pyongyang.

O correspondente da BBC em Seul, John Sudworth, afirmou que esta não é a primeira vez que a Coreia do Norte faz ameaças deste tipo.

As declarações provavelmente serão tratadas como uma atitude diplomaticamente temerária, mas o aumento da tensão deve preocupar os governos regionais, acrescenta Sudworth.

“Guerra de palavras”

A poderosa Comissão de Defesa Nacional da Coreia do Norte afirmou que os exercícios militares “não passam de claras provocações com o objetivo de pressionar a República Democrática do Povo da Coreia (Coreia do Norte) pela força das armas”, informou a KCNA.

“O Exército e o Povo da RDPC vão começar uma guerra santa retaliatória no seu próprio estilo, baseada em dissuasores nucleares, a qualquer momento que for preciso para conter os imperialistas norte-americanos e as forças fantoche da Coreia do Sul, que deliberadamente empurram a situação para a beira de uma guerra”, acrescentou a agência.

Em resposta, a Casa Branca afirmou que não está interessada em uma “guerra de palavras” com a Coreia do Norte.

O porta-voz do Departamento de Estado PJ Crowley afirmou que os Estados Unidos querem “mais ações construtivas e menos palavras provocadoras” de Pyongyang.

O governo norte-coreano já havia prometido uma resposta física aos exercícios militares durante um fórum regional de segurança da Ásia no Vietnã, na sexta-feira.

O porta-voz da delegação norte-coreana do grupo regional Associação das Nações do Sul Asiático (Asean, na sigla em inglês) afirmou que os exercícios são um exemplo da “diplomacia de canhoneira” do século 19.

“É uma ameaça à península da Coreia e à região da Ásia como um todo”, afirmou.

Advertência chinesa

O encontro regional foi dominado pela crise entre as duas Coreias.

Os exercícios militares, que começam no domingo, vão envolver o porta-aviões USS George Washington, além de outros 20 navios e submarinos, 100 aviões e 8.000 militares.

A China criticou os planos e advertiu contra qualquer ação que possa “exacerbar as tensões regionais”.

Mas o Japão está enviando quatro observadores militares, num aparente endosso aos exercícios.

Na quarta-feira, os Estados Unidos anunciaram que vão impor novas sanções à Coreia do Norte, com o objetivo de interromper a proliferação nuclear e a importação de artigos de luxo.