Os soldados israelenses não estavam preparados para a violenta resistência que encontraram em 31 de maio a bordo do navio Mavi Marmara, que levava ativistas pró-palestinos na direção da Faixa de Gaza, disse o principal general de Israel nesta quarta-feira.
Em depoimento a uma comissão de inquérito, Gabi Ashkenazi, chefe do Estado-Maior Conjunto de Israel, apresentou a explicação mais detalhada até agora para o confronto em alto mar, que resultou na morte de nove ativistas e causou indignação mundial.
De acordo com o general, os soldados de Israel inicialmente tentaram retirar os militantes do convés usando bombas de efeito moral. Sem sucesso, desceram dos helicópteros usando cordas e foram recebidos por homens armados com facas e barras de ferro.
A ação, continuou ele, rapidamente se tornou “caótica”. “Depois que o primeiro soldados desceu pela corda, não havia escolha senão continuar o plano.”
Os ativistas tentavam furar o bloqueio comercial que Israel impõe à Faixa de Gaza sob a justificativa de impedir que o grupo islâmico Hamas obtenha armas ilegalmente. Diante da reação internacional ao episódio, Israel acabou atenuando parcialmente o bloqueio.
Os nove ativistas mortos eram turcos e o caso quase levou a Turquia a romper relações com Israel. No passado, a Turquia foi o principal aliado islâmico do Estado judeu.
Internamente, a ação foi vista como um fiasco para Israel em termos de relações públicas e imagem internacional, embora muitos israelenses considerem a interceptação justificada.
Nesta semana, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ministro da Defesa, Ehud Barak, já haviam falado no inquérito. Na terça-feira, começou a trabalhar em Nova York outra comissão investigativa, subordinada à ONU.