O ministro das Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, criticou hoje (9) as reações de apoio da comunidade internacional à viúva Sakineh Mohammadi Ashtiani, de 43 anos, condenada à morte por apedrejamento sob a acusação de assassinato e adultério. Para Mottaki, as reações favoráveis à anulação da pena demonstram um “padrão duplo” de moral existente no mundo ocidental. As informações são da rede estatal de televisão do Irã, PressTV.

Segundo Mottaki, há uma “dupla moral”, no Ocidente. Como exemplo, o ministro citou os Estados Unidos que mantêm as prisões de Guantánamo – que ocupa parte do território de Cuba – e Abu Ghraib – um complexo penitenciário no Iraque. De acordo com Mottaki, estas prisões violam “os direitos fundamentais dos seres humanos”.

O ministro iraniano afirmou que há uma propaganda de resistência ao Irã a partir da defesa veemente do caso de Sakineh Ashtiani. Para ele, é um movimento político que tem como objetivo atingir o governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad. Ontem (8) o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Ramin Mehmanparast, informou que a sentença imposta à viúva foi temporariamente suspensa para efeitos de revisão.

Para a Justiça do Irã, Sakineh é culpada. A viúva, mãe de dois filhos, é acusada de participar do assassinato do marido e manter relações sexuais com dois homens. Mas a acusação é rebatida por Sakineh e os parentes dela.

A sentença de morte por apedrejamento imposta à Sakineh motivou críticas em vários países. No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu ao Irã que a viúva passasse a viver em território brasileiro. Mas a oferta de Lula foi recusada pelo governo Ahmadinejad. Ontem a Anistia Internacional, uma organização não governamental, cobrou a anulação da sentença.

Autoridades que acompanham o processo afirmam que a suspensão da ação não representa o fim do caso. Há, ainda, a possibilidade de a viúva ser sentenciada à morte por enforcamento e, não mais por apedrejamento. Recentemente ela recebeu nova punição: de ser submetida a 99 chibatas porque uma foto supostamente dela foi publicada em um jornal inglês. Na imagem uma mulher, apontada como Sakineh, aparece sem o véu muçulmano.