Supostos militantes islâmicos do Paquistão atearam fogo nesta sexta-feira a mais de 20 caminhões que transportavam combustível para as tropas da Otan no Afeganistão, disseram autoridades, um dia depois da morte de três soldados paquistaneses em um bombardeio das forças ocidentais.
Irritado com as repetidas incursões de helicópteros da Otan em seu território nos últimos dias, o Paquistão bloqueou as rotas de suprimento para as forças ocidentais no Afeganistão.
O Paquistão é um aliado crucial nos esforços dos EUA para estabilizar o Afeganistão, mas analistas dizem que as incursões fronteiriças e as dificuldades ao abastecimento ilustram a crescente tensão entre Islamabad e Washington.
Uma fonte oficial paquistanesa disse que as incursões fronteiriças poderiam levar a uma “quebra total das relações”.
As autoridades culparam “extremistas” pelo ataque aos caminhões-tanque, ocorrido na pequena cidade de Shikarpur (sul do Paquistão). Cerca de 12 pessoas, com os rostos encobertos, deram tiros para o alto a fim de assustar os motoristas, e depois incendiaram os 27 veículos.
“Alguns deles foram completamente destruídos, e outros, parcialmente. Mas não há perda de vida humana”, disse à Reuters o chefe de polícia de Shikarpur, Abdul Hameed Khoso.
A polícia prendeu dez pessoas depois do ataque, sendo cinco delas em uma busca numa madrassa (escola religiosa).
Os caminhões atacados haviam partido do porto paquistanês de Karachi e estavam parados num posto de gasolina, no caminho para o Afeganistão.
Na quinta-feira, três soldados paquistaneses morreram e dois ficaram feridos em bombardeios da Otan no noroeste paquistanês. Foi o terceiro incidente transfronteiriço em uma semana, segundo os militares paquistaneses. A Otan disse que seus helicópteros cruzaram a fronteira após serem alvejados por pessoas do lado paquistanês.
Em discurso ao Parlamento, o primeiro-ministro paquistanês, Yusuf Raza Gilani, disse que o Paquistão é um parceiro na guerra contra a militância islâmica, mas não permitirá violações da sua soberania.
“Quero assegurar a toda a nação (…) que vamos considerar outras opções se houver interferência na soberania do nosso país”, disse Gilani, sem entrar em detalhes.
Analistas duvidam, no entanto, de um rompimento entre o Paquistão e seus aliados ocidentais, já que os dois lados precisam um do outro.