A Hungria declarou hoje estado de emergência em três condados do país depois que uma quantidade enorme de lama tóxica vazou de uma fábrica de alumina na tarde de ontem, atingiu várias cidades e provocou queimaduras nos moradores. Uma autoridade qualificou o incidente como um “desastre ecológico” que pode ameaçar o Danúbio e outros rios importantes da região.
Quatro pessoas morreram, seis estão desaparecidas e oito dos 120 feridos estão em estado grave. Funcionários do governo temem que o número de mortos possa aumentar. A fábrica Ajkai Timfoldgyar fica em em Ajka, cidade a 160 quilômetros a sudoeste de Budapeste, a capital do país. Dentre os feridos há oito policiais, oito bombeiros e um soldado. Sessenta e duas pessoas foram hospitalizadas.
Três vilas próximas foram inundadas por 1,1 milhão de metros cúbicos de lama vermelha tóxica, o que levou o Ministério do Interior a decretar estado de emergência nos condados de Veszprem, Gyor-Moson-Sopron e Vas. Várias centenas de toneladas de agente neutralizador foram jogados no rio Marcal para solidificar a lama tóxica e evitar que ela siga pelo curso do rio, informou o Diretório Nacional de Gestão de Desastres.
A lama atingiu uma área estimada de 40 quilômetros quadrados, disse Zoltan Illes, secretário de Estado para Assuntos Ambientais, à agência estatal de notícias MTI. Ele suspendeu as atividades na fábrica e ordenou que a companhia conserte do reservatório. Segundo a agência de gestão de desastres, 390 moradores tiveram de ser temporariamente realocados e 110 foram resgatados de cidades inundadas. Bombeiros e soldados foram deslocados para a região com o objetivo de fazerem a limpeza com guindastes.
A lama vermelha, um resíduo da produção de alumínio, contém metais pesados, agentes corrosivos e é tóxica se ingerida. Muitos dos feridos sofreram queimaduras. Dois homens, um jovem e uma criança de três anos morreram. Os feridos são monitorados porque as queimaduras químicas causadas pela lama podem levar dias para aparecer, e o que parecem ser ferimentos superficiais podem resultar em danos a camadas mais profundas da pele, disse o médico Peter Jakabos, do hospital Gyor, para onde vários dos feridos foram levados.
A MAL Rt, empresa húngara de produção e comércio de alumínio proprietária da fábrica em Ajka, informou que, de acordo com os padrões da União Europeia, a lama vermelha não é considerada lixo tóxico. A empresa também negou que deveria ter tomado mais precauções para fortalecer o reservatório. “De acordo com a atual avaliação, a administração da empresa não poderia ter percebido os sinais da catástrofe natural ou feito qualquer coisa para evitá-la, embora respeitasse cuidadosamente os procedimentos técnicos”, disse a empresa, em comunicado.