Especialistas brasileiros e estrangeiros estão reunidos hoje (6) e amanhã (7) medidas para impedir a exploração sexual de crianças e adolescentes por meio do turismo durante a Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil. O encontro faz parte de um programa desenvolvido pelo Ministério do Turismo em parceria com a Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília (CET/UnB) e será seguido de oficinas nas 12 cidades-sedes da Copa, além da subsede João Pessoa.
Uma das participantes do encontro é Clara Bew, coordenadora de programa semelhante realizado pela África do Sul durante a Copa deste ano. Em palestra, Clara relatou as dificuldades encontradas para defender e dar assistência às crianças sul-africanas, por falta de uma legislação que as proteja da exploração sexual.
Clara disse que, apesar de tudo, “a Copa do Mundo configurou uma ótima oportunidade para a África do Sul pensar de forma diferente, holística e integral em relação à proteção de crianças em geral”.
Segundo ela, a Copa também criou um ponto de partida para as atividades de conscientização. “O trabalho que fizemos sobre tráfico de pessoas é um exemplo disso”. Segundo a diretora do programa sul-africano, a Copa permitiu ainda a criação de uma rede bastante positiva de fornecedores de serviços e isso permanece como um legado após o Mundial.
A coordenadora do programa Turismo Sustentável e Infância do Ministério do Turismo, Beth Bahia, que promove o Encontro Preparatório Nacional – Oficinas Pró-Copa, informou que o programa trabalha com várias ações, como campanhas de publicidade para divulgar o Disque Denúncia nacional de exploração sexual de crianças e adolescentes, inclusão social de jovens, seminários de sensibilização e formação de multiplicadores da temática.
Beth admitiu que existe uma grande preocupação com a Copa, “que vai trazer grandes benefícios para o Brasil mas também atrairá muitos turistas (600 mil) que vêm com fins sexuais. E esses são criminosos. É uma preocupação grande e um trabalho maior ainda, pois temos que sensibilizar donos de hotéis, bares e restaurantes para que não permitam que aconteça esse tipo de crime em seus estabelecimentos e, se acontecer, devem denunciar”
De acordo com Beth, a receptividade das ações do programa está sendo boa. “Já temos muitos parceiros na cadeia produtiva do turismo, principalmente porque temos desde 2008 um projeto de inclusão social de jovens que vivem em situação de vulnerabilidade social. Nós formamos esses jovens para que eles sejam inseridos no mercado de trabalho do turismo. Todas as instituições do turismo já são parceiras e, com certeza, serão muito mais agora para a Copa”.