O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse que é equivocada a decisão do governo dos Estados Unidos de comprar US$ 600 milhões em títulos públicos para dar liquidez ao mercado norte-americano. “Promover um aumento [de moeda em circulação] de US$ 600 bilhões para manter a liquidez internacional e sustentar o dólar que está perdendo competitividade com a maior parte das moedas do mundo não é uma política adequada para a estabilidade internacional”.

Gabrielli argumentou que, mesmo que essa política consiga fazer com que a economia americana se recupere mais rapidamente, ela pode provocar um aumento da demanda por derivados de petróleo. “Isto pode até ajudar a indústria do petróleo no curto prazo, mas não acredito que esta política monetária de abundância de liquidez vá ter um grande impacto no longo prazo”.

Em relação aos efeitos da apreciação do real sobre o caixa da Petrobras, Gabrielli disse que o tema é “muito complexo porque a Petrobras é uma grande exportadora e, como tal, é prejudicada toda vez que o real se aprecia, uma vez que recebe menos por dólar exportado. Mas a empresa também é uma grande importadora e, aí, o efeito é inverso. Ou seja, toda vez que o dólar é depreciado, [a estatal] despende menos real para comprar dólar, o que é positivo para a empresa”.

O presidente da Petrobras lembrou, ainda, que a empresa detém ativos no exterior, mas, em contrapartida, tem uma grande dívida em dólar. “Os ativos da empresa no exterior valem menos com a apreciação do real, mas aí entra, mais uma vez, a questão da dívida”, que fica menor em reais.

Por isso, Gabrielli disse ser difícil chegar a uma resposta sobre os impactos da decisão do governo dos Estados Unidos. “Essa resposta vai depender da velocidade da apreciação do real e das posições relativas dessas contas ativas e passivas no balanço da companhia. Pode ser bom ou ruim, depende da velocidade da apreciação e do momento em que ele ocorre”.