Diego Hypolito sentou-se ao chão, exausto. Após tamanho esforço, sentiu até a pressão baixar. Juntou-se então aos amigos e ficou esperando a confirmação: ouro inédito. Após a decepção feminina, na véspera, os meninos da ginástica venceram a final por equipes em Guadalajara. Com gosto especial: foi a milésima medalha do país na história dos Jogos Pan-Americanos.
E há ainda mais nove na mira. Diego arrematou duas finais: primeiro no solo e terceiro no salto. Arthur Zanetti passou em primeiro nas argolas, Sérgio Sasaki se classificou em primeiro no individual geral, segundo no cavalo com alças, quarto nas paralelas e quinto no solo, e Petrix Barbosa foi oitavo no individual geral e passou com a sétima marca na barra fixa. Francisco Barreto e Péricles da Silva completaram o time campeão.
Ontem, Sasaki se juntaria a Daniele Hypolito e Bruna Leal na final do individual geral. As finais masculinas de solo, argolas e cavalo ocorrem hoje. Amanhã, haverá disputa de medalha no salto, nas paralelas e na barra fixa.
Os Estados Unidos foram melhores do primeiro grupo por equipes. Na quarta das seis rotações, Brandon Ross Wynn tomou um tombo no solo e caiu de cabeça. Apenas um susto. Com 342.000 pontos, os americanos lideraram, mas teriam de torcer contra Brasil, Porto Rico e Argentina.
O Brasil vinha de duas medalhas de prata nos dois últimos Pans. Eram, até então, o melhor resultado da ginástica masculina. Em Guadalajara, já no primeiro aparelho foi possível ver que ao melhor um pódio estava por vir.
Aos 19 anos e recuperado de uma série de lesões no pé direito, Sasaki sentiu dores. Mas fez delas combustível. No cavalo com alças, Sasaki fez a segunda maior nota (14.600) até então. O Brasil ficou em terceiro no aparelho, atrás apenas dos mexicanos e dos portorriquenhos.
Nas argolas, a arrancada brasileira. Zanetti passou em primeiro, com 15.550. Sasaki, Pericles, Petrix e Zanetti também competiram e deixaram o Brasil com a mesma pontuação dos Estados Unidos no aparelho: 57.300.
No salto, uma vitória esmagadora. Sasaki tirou 16.050 e depois viu Zanetti e Diego levarem a equipe rumo ao primeiro lugar no aparelho, com 62.800 pontos. Diego, único que tentava se classificar à final do aparelho, saltou mais uma vez e passou em terceiro.
Depois de dois aparelhos fortes, o Brasil parecia dar uma desacelerada nas barras paralelas. Só parecia. Sasaki teve o melhor desempenho entre os brasileiros: quarta melhor nota até então – 14.550. Com 56.700 ali, só perdia para a Colômbia.
Diego não iria competir na barra fixa. Quando Francisco errou, teve de entrar em ação. Na barra fixa, Petrix tirou 14.100 e se garantiu na final. A equipe foi então para o último aparelho, o solo. Diego Hypolito foi o último a se apresentar e garantiu o ouro à seleção, com 15.600.
Com o ouro no peito, o maior ginasta do país se lembrou da lesão no tornozelo esquerdo que há um ano o obrigou a ir para uma mesa de cirurgia. “Há um ano fui operado. Exatamente um ano. Como não vou viver essa medalha de uma maneira intensa? Poderia nem estar mais na ginástica e estou aqui”.