Começou hoje (22) em Lusaka, Zâmbia, a reunião dos ministros de Comunicações de 14 países africanos para decidir o padrão de TV digital. As nações reúnem uma população somada de quase 250 milhões de pessoas.

O padrão nipo-brasileiro Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial – ISDB-T disputa com o europeu DVB a possibilidade de equipar os televisores da região da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral formada pela África do Sul, por Angola, Botsuana, pelo Congo, Lesoto, por Madagascar, pelo Malawi, pelas Ilhas Maurício, por Moçambique, pela Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, por Zâmbia e pelo Zimbábue. Uma terceira possibilidade é deixar a decisão nas mãos de cada país individualmente.

“A maioria está indecisa. Nosso sistema é melhor, comprovado por teste, mas a pressão comercial da Europa é muito grande”, disse André Barbosa Filho, assessor especial da Casa Civil da Presidência da República, que faz parte da delegação brasileira que acompanha o encontro.

As discussões de hoje e amanhã são técnicas. Os especialistas brasileiros, japoneses e europeus já começaram a tirar as últimas dúvidas dos africanos antes da reunião ministerial, decisiva, que será na quarta-feira (24).

Os países do Sul da África ensaiaram tomar uma posição sobre o tema em maio, mas preferiram analisar os dados levantados por uma força-tarefa técnica que trabalhou por dois meses antes de anunciar o padrão vencedor. O sistema nipo-brasileiro tem como principais apoiadores os dois países lusófonos do grupo (Moçambique e Angola) e Botsuana.

Além de Brasil e Japão, mais seis países adotaram o sistema ISDB-T: Argentina, Chile, Peru, Venezuela, Costa Rica e Equador. Na semana passada, a Colômbia admitiu repensar a decisão favorável ao DVB depois que a União Europeia não repassou U$ 40 milhões (aproximadamente R$ 68 milhões) prometidos há mais de um ano. Até o começo do mês que vem também é esperada uma decisão do Uruguai.

Segundo Barbosa, a promessa de financiamento é crucial na tomada de decisão.”Eles (os europeus) vão realmente conseguir cumprir? A crise lá está muito forte, e na América Latina já não conseguiram”.

A delegação brasileira na Zâmbia é liderada pelo embaixador João Inácio Oswald Padilha, representante do Brasil entre os países da região. Também estão no grupo o assessor da Secretaria de Telecomunicações do Ministério das Comunicações Flávio Lenz César, o gerente técnico do Laboratório de Desenvolvimento de Hardware do Instituto Nacional de Telecomunicações, Luciano Leonel Mendes e o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Zalkind Lincoln Dantas Rocha.