Militares formaram hoje (4) um cordão defensivo em volta da Praça Tahrir, no centro do Cairo, onde se concentram os protestos populares contra o presidente do Egito, Hosni Mubarak. O Exército aumentou o número de homens na área. Apesar de os militares estarem usando até arame farpado para cercar a praça, há a permissão para que as pessoas entrem normalmente no local.
Os manifestantes passaram a madrugada em vigília na praça neste 11º dia de protestos na chamada Sexta-Feira da Partida ou Dia da Saída, numa alusão à possibilidade de Mubarak abrir mão do poder e deixar o governo.
A Organização das Nações Unidas estima que mais de 300 pessoas já tenham morrido desde o início dos protestos no Egito, no dia 25 de janeiro.
O governo dos Estados Unidos diz já ter aberto diálogo com lideranças políticas do Egito sobre planos de uma transição imediata de poder no país. Uma das opções consideradas seria Mubarak ceder o cargo para um conselho constitucional formado por três pessoas.
Autoridades americanas não negam essa possibilidade, mas deixam claro que diferentes alternativas estão sendo consideradas, e que qualquer decisão deve ser tomada pelo povo egípcio. Ontem (3) Mubarak afirmou que não deixa o poder porque o “país mergulharia no caos”.
O novo vice-presidente egípcio, Omar Suleiman, disse que convidou a Irmandade Muçulmana – um dos principais grupos religiosos do país – para dialogar. Mas, segundo ele, os integrantes do grupo religioso estão “hesitantes” em relação ao convite.
Há várias acusações de agressões, roubos e humilhações envolvendo jornalistas estrangeiros, inclusive brasileiros. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil protestou contra a detenção dos jornalistas brasileiros Corban Costa, da Rádio Nacional, e Gilvan Rocha, da TV Brasil, que estavam no Cairo – onde foram detidos, liberados e depois encaminhados ao aeroporto para retornar ao Brasil.
O Itamaraty diz esperar que “as autoridades egípcias tomem medidas para garantir as liberdades civis e a integridade física da população e dos estrangeiros presentes no país”.