Milhões de pessoas nas áreas mais afetadas pelo terremoto que ocorreu na região Nordeste do Japão permanecem sem água, comida, eletricidade e gasolina há quatro dias. Segundo a agência de notícias Kyodo News, mais de 500 mil pessoas estão desabrigadas em consequência do terremoto e do tsunami que atingiram o país na última sexta-feira (11).
As redes de comunicação ainda estão fora do ar em muitas áreas, impedindo que as pessoas possam se comuniquem com seus parentes dentro e fora do país. Filas quilométricas se formam em supermercados e postos de gasolina para conseguir suprimentos. Nos abrigos improvisados, milhares de pessoas sofrem com as baixas temperaturas do inverno. O governo japonês deslocou 100 mil soldados para ajudar na distribuição de 120 mil cobertores, 120 mil garrafas de água, toneladas de comida e 111 mil litros de gasolina.
Hoje (14), a companhia de energia Tokyo Electric Power (Tepco) deu início aos cortes de eletricidade planejados em áreas próximas à capital, para evitar blecautes. Segundo a Kyodo News, os esforços da região para economizar energia permitiram adiar a operação, que estava prevista para começar no início da manhã, mas só teve início às 17h, no horário local.
O plano, que não tem precedentes na história do país, prevê suspensões de energia durante 3 a 6 horas em regiões alternadas até o fim de abril. Estima-se que cerca de 45 milhões de pessoas em Tóquio e em outras oito províncias serão afetadas pelos cortes. No entanto, a área central de Tóquio será poupada, onde funcionam os escritórios do governo e muitas sedes de empresas.
Também hoje, o sistema de resfriamento de mais um reator da Usina Nuclear de Fukushima voltou a sofrer uma pane, aumentando o risco de superaquecimento, segundo a Kyodo News. Um operador da instalação informou que as barras de combustível do reator nuclear número 2 ficaram completamente expostas, quando a bomba que injetava água do mar para resfriar a instalação parou de funcionar.
Horas antes, os técnicos haviam conseguido estabilizar a situação de superaquecimento com as medidas de emergência, depois que problemas semelhantes causaram explosões nos reatores 1 e 3 da usina. Segundo o funcionário, o núcleo do reator nuclear pode estar começando a derreter.
De acordo com a Kyodo News, a Tepco informou ao governo japonês que a situação é de emergência. A empresa disse que a explosão de hidrogênio no reator número 3, que ocorreu no início da manhã, pode ter causado um curto-circuito no sistema de resfriamento do reator 2. O incidente deixou onze feridos, um deles em estado grave.
A Tepco disse ainda que tentará abrir um buraco no muro do edifício que abriga o segundo reator, para evitar o acúmulo de hidrogênio que causou as explosões anteriores.
Segundo a agência de segurança nuclear do Japão, a prioridade da empresa continua sendo o resfriamento do reator 2, mas os outros reatores também precisarão de mais injeções de água. A agência diz que os níveis de radiação continuam abaixo dos limites considerados legalmente perigosos.
Milhares de pessoas foram evacuadas das proximidades da instalação e 22 estão sob tratamento por exposição à radiação, mas o governo descartou a possibilidade de aumentar a área de evacuação no momento.