O advogado da viúva Sakineh Mohammadi-Ashtiani, sentenciada à morte por apedrejamento, foi condenado a 11 anos de prisão. Javid Houtan Kian foi preso sob a acusação de pôr em risco a segurança nacional iraniana por difundir propaganda contra o regime. Em uma carta que conseguiu contrabandear para fora da cadeia, em março deste ano, Kian disse ter sido torturado.
Na carta, Kian relata torturas, como ter as pernas queimadas com ponta de cigarro aceso, golpes nos pés e testículos e no rosto. O advogado disse ter perdido 12 dentes. O advogado foi preso em outubro do ano passado, assim como Saijad Ghaderzadeh, um dos filhos de Sakineh, e dois repórteres alemães do jornal Bild am Sonntag.
O filho da iraniana e os dois repórteres acabaram sendo soltos. Mas Kian permaneceu preso. Organizações não governamentais fazem campanha pela libertação do advogado e por um novo julgamento para Sakineh.
Kian enfrenta também a acusação de espionagem, que está sendo analisada pela promotoria.
Ele é o terceiro advogado a representar Sakineh. A viúva foi condenada à morte sob a acusação de adultério e cumplicidade na morte do marido. O assunto virou tema internacional e também no Brasil.
No ano passado, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, a disponibilidade de receber Sakineh no Brasil. Mas a oferta não foi considerada pelos iranianos.
A situação de Sakineh permanece incerta. Ativistas de direitos humanos no Irã disseram que ela tentou o suicídio cortando seus pulsos com cacos de vidro, mas que ela sobreviveu. A iraniana já cumpriu cinco anos de prisão.