Milhares de sírios buscam abrigo na zona de fronteira com a Turquia, mas cidadãos do Norte da Síria afirmaram ontem (19) que o Exército do país atua para impedir a fuga de refugiados. Ativistas dizem que as tropas do regime do presidente da Síria, Bashar Al Assad, fecharam a única padaria da cidade de Bdama – a 20 quilômetros da divisa com a Turquia.
A expectativa é que Assad faça hoje um pronunciamento à nação. Será a terceira aparição pública do presidente sírio desde que se acentuaram os protestos no país. Ele é acusado por manifestantes de violação de direitos humanos, forte repressão e violência contra civis.
Paralelamente, o governo da Turquia informou que passou a fornecer ajuda humanitária aos mais de 10,5 mil refugiados sírios que já entraram em seu território, além dos que estão na zona fronteiriça. Uma autoridade local disse que muitos sírios estão coletando alimentos para levar aos parentes que permanecem do outro lado.
Na tentativa de fugir de disparos atribuídos ao Exército sírio, algumas pessoas afirmaram que deixaram a cidade de Bdama e buscam se abrigar em árvores e tendas na fronteira com a Turquia.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha enviou seu presidente, Jakob Kellenberger, à Síria, para discutir a crise humanitária que está se formando no país. Kellenberger tem solicitado a Damasco que dê à Cruz Vermelha e ao Crescente Vermelho sírio acesso às pessoas presas e feridas desde o início dos protestos. As Nações Unidas estimam que pelo menos 1.100 sírios morreram desde o início das manifestações.
A Turquia tem condenado a repressão na Síria, enquanto Assad tenta combater uma onda de manifestações populares que se inspira na Tunísia e no Egito e que já dura três meses. As relações entre a Turquia e a Síria, tradicionalmente cordiais, foram afetadas.
Ao mesmo tempo, as autoridades turcas temem que uma eventual saída de Assad do poder na Síria abra espaço para duros conflitos sectários no país vizinho. Uma das preocupações da Turquia diz respeito às minorias curdas: o temor de Ancara é que levantes entre essa população estimulem protestos semelhantes entre os curdos no país.