Por estarem perto de zonas de conflito, países em desenvolvimento recebem mais refugiados que as nações ricas do globo. É o que revela relatório divulgado hoje (20) pelo Alto Comissariado das Nações Unidas (ONU) para Refugiados (Acnur).
Segundo o levantamento Tendência Globais 2010, 80% dos 15,4 milhões de refugiados do mundo – o maior número nos últimos 15 anos – estão em países com Produto Interno Bruto (PIB) per capita menor que U$ 3 mil. É o caso do Paquistão, na Ásia, com 1,9 milhão de pessoas nessas condições. É o país com mais refugiados, seguido pelo Irã e pela Síria (ambos com 1 milhão).
No entanto, segundo o relatório, nos países em desenvolvimento, os refugiados representam um custo mais alto. No Paquistão, por exemplo, cada dólar do PIB per capita sustenta 710 refugiados enquanto na Alemanha, país rico com o maior número de refugiados, atende a 17 pessoas. Para o Congo, essa relação é de 475 e, no Quênia, 247.
“O principal argumento dos países desenvolvidos para fechar as portas aos refugiados é o fato de enfrentarem crises. Mas, na verdade, vemos que são países muitos ricos e o número de pessoas que fogem para lá é bem menor que o número de refugiados que chegam aos países em desenvolvimento”, destacou o representante do Acnur no Brasil, Andrés Ramirez.
De acordo Ramirez, pouquíssimos refugiados podem escolher para onde vão. “Os que estão fugindo saem por causa de um conflito. Vão para onde podem. Não estão querendo ir para o Havaí”. Por isso, 75% dos refugiados do mundo estão próximos aos seus locais de origem.
Por causa do sentimento “antirrefugiado” observado em alguns países em função de argumentos econômicos e das recentes crises e conflitos no Oriente Médio, Ramirez também avalia que os pedidos de refúgio em países em desenvolvimento tendem a aumentar em 2011.
O relatório do Acnur mostra que, embora o Paquistão reúna o maior número de refugiados em 2010, a maioria dos 845 mil pedidos de refúgio feitos à instituição, em 2010, foram para a África do Sul (180 mil), para os Estados Unidos (54,3 mil) e para a França (48,1 mil).
Estão na condição de refugiados pessoas que fogem de guerras, perseguições por causas de religião, raça ou opinião política. Em 2010, mulheres, crianças e adolescentes eram 47% do total.