O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, anunciou nesta terça-feira que os Estados Unidos apoiam a candidatura da ministra francesa de Economia, Christine Lagarde, ao posto de diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O anúncio vem pouco depois do ministro russo das Finanças, Alexei Kudrine, dizer que o país vai votar na sua colega francesa e um dia depois da China declarar apoio a Lagarde, lançando a francesa efetivamente como ampla favorita ao cargo.
“Tenho o prazer de anunciar nossa decisão de apoiar Christine Lagarde para dirigir o Fundo Monetário Internacional. O talento excepcional e a vasta experiência da ministra Lagarde darão uma direção incomparável a esta instituição”, afirmou Geithner.
Lagarde e o diretor do Banco Central do México, Agustín Carstens, são os dois candidatos que pleiteiam dirigir o FMI, depois da recente demissão do francês Dominique Strauss-Kahn, acusado pela Justiça americana de agressão sexual contra uma camareira de Nova York.
O Conselho da Administração, principal órgão do FMI formado por 24 membros, se reúne nesta terça-feira para examinar as candidaturas. O resultado deverá ser conhecido apenas na quinta-feira (30), mas não se descarta que seja anunciado imediatamente.
O sistema de votação proporcional do FMI é determinado pelo número de cotas que cada país tem, o que, por sua vez, leva em conta principalmente o volume de recursos que o país coloca no Fundo.
Os EUA têm cerca de 17% dos votos. Os países europeus, incluindo os nórdicos, têm cerca de 40% a 47% do voto. Já países como Egito, Coreia do Sul, Rússia e nações africanas têm pouca representatividade.
PERFIL
Lagarde começou a trabalhar em 1981 na delegação parisiense de Baker&McKenzie como advogada associada, para passar depois como membro do comitê executivo mundial em 1995 e quatro anos mais tarde como presidente.
Em 2004, ganhou atenção à frente do comitê estratégico mundial e abandonou esse trabalho um ano depois para entrar no governo do então presidente francês, Jacques Chirac, como vice-ministra de Comércio Exterior.
Com 55 anos, advogada de formação e mãe de dois filhos, se tornaria a primeira mulher a chegar na direção do FMI, da mesma maneira que foi a primeira ministra da Economia e Finanças de um Estado membro do Grupo dos Sete (G7, que reúne os países mais industrializados do mundo).
Lagarde estreou no cargo em junho de 2007, após uma breve passagem como ministra de Agricultura e Pesca no início do mandato do presidente Nicolas Sarkozy. Seus defensores sublinham sua longevidade em um departamento, o de Finanças, que nos sete anos precedentes viu passar vários titulares.
Outros fatores positivos são seu perfeito domínio do inglês e seu trabalho na gestão da crise econômica e financeira iniciada em 2008, mas dentro da França nas últimas semanas viu como o Partido Socialista, principal força da oposição, lhe retirou seu apoio, da mesma forma que outras formações da oposição.
Ela acumula ainda a façanha de ter ocupado em 2009 o 17º lugar na lista das mulheres mais poderosas do planeta elaborada pela revista “Forbes”, o 5º na lista das executivas europeias realizada pelo “Wall Street Journal”, e nesse mesmo ano, o título de melhor ministra de Finanças da UE concedido pelo “Financial Times”.
Contra, há o suposto abuso de autoridade cometido na indenização ao empresário Bernard Tapie pela venda da Adidas em 1992, e sobre o qual a Justiça francesa decidirá no próximo dia 8 se abre contra ela uma investigação judicial.
A sombra dessa controvérsia se agravou depois que a procuradoria de Paris decidisse nesta quarta-feira a abertura de uma investigação preliminar sobre o papel de altos funcionários que fecharam a arbitragem propícia ao empresário, embora ela própria não esteja envolvida.