O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje (14), em Paris, estar mais otimista em relação às soluções discutidas pelos europeus para tentar resolver a crise das dívidas soberanas e do setor bancário da Europa, que ameaçam a economia mundial. “Eles [os europeus] parecem estar no bom caminho”, disse Mantega, após se reunir com o ministro francês das Finanças, François Baroin.
De acordo com Mantega, Baroin apresentou algumas sugestões que a França levará à reunião dos ministros das Finanças do G20 – grupo que reúne as economias ricas e os principais países emergentes. O encontro ocorre hoje (14) e amanhã (15) na capital francesa e as discussões devem ser dominadas pela crise na zona do euro.
Mantega não detalhou as medidas a serem propostas pelo governo francês. Ele apenas declarou que elas parecem ser eficazes para conter a crise no continente europeu. “Existe entre a França e o Brasil uma concordância em relação aos caminhos que estão sendo trilhados e preparados pelos europeus”, disse. “Elas [as medidas] me parecem ser eficientes para conduzir bem os problemas, como o da Grécia e das dívidas soberanas, da capitalização dos bancos e o reforço do FMI.”
O ministro brasileiro informou ainda ter ficado mais otimista por considerar que os países europeus caminham para a construção de soluções efetivas. “O mundo espera que nós tenhamos as soluções para os problemas da crise europeia, que já é mais uma crise mundial”, acrescentou.
As propostas que forem discutidas neste final de semana em Paris serão apresentadas na reunião de chefes de Estado e de governo do G20, que se realizará em Cannes, no Sul da França, nos dias 3 e 4 de novembro. Segundo Mantega, os ministros estão agora “preparando os instrumentos” que deverão estar prontos até a cúpula de líderes em novembro.
Antes disso, há uma importante reunião de líderes europeus, no dia 23 de outubro, quando são esperadas medidas em relação à crise das dívidas soberanas e da recapitalização dos bancos.
Mantega defendeu o reforço do Fundo Monetário Internacional (FMI) para ajudar os países afetados pela crise, proposta de autoria de países emergentes, incluindo o Brasil. O problema, segundo ele, está nos moldes em que o repasse de recursos deve ser feito. “Há um certo consenso que é preciso reforçar o FMI, pelo menos da parte da França e do Brasil. A questão é qual o modelo que será adotado para isso”, disse Mantega.
Conforme o ministro da Fazenda, é importante que o FMI tenha mais recursos disponíveis que possam ser sacados tanto pelos países europeus como pelas nações emergentes, caso a crise se agrave. Ele lembrou que, durante a crise de 2008, os recursos do fundo passaram de US$ 250 bilhões para quase US$ 1 trilhão. “O que estamos discutindo agora é a forma como esse reforço será feito e o montante”, explicou.