A empresa proprietária do transatlântico italiano Costa Concordia desconhecia as práticas arriscadas que envolviam aproximar os navios do litoral para que os turistas tivessem um vista melhor, disse o executivo-chefe, Píer Luigi Foschi, a um jornal na sexta-feira.
Investigadores suspeitam que o Concordia tenha afundado porque o capitão Francesco Schettino se aproximou a apenas 150 metros da ilha de Giglio, na costa oeste italiana, aparentemente para “saudar” a população local.
Foschi, da empresa Costa Cruzeiros, disse ao jornal Corriere della Sera que os navios às vezes passavam perto da costa numa “navegação turística”, mas que isso sempre era feito com segurança, e que a empresa desconhecida que o Concordia se aproximaria tanto.
Segundo ele, o jornal de bordo do cruzeiro dizia que o barco ficaria a cinco milhas de Giglio.
“Não posso descartar que capitães individuais, sem nos informar, possam ter estabelecido uma rota mais próxima da terra. No entanto, posso descartar que jamais tenha sabido que eles podiam fazer isso de forma insegura.”
Mas, numa outra entrevista, Enrico Scerni, ex-presidente da agência de classificação naval Rina, sugeriu que dificilmente a Costa Cruzeiros desconhecia a prática dos capitães de se aproximarem de Giglio.
Scerni deixou o cargo logo depois, e a Rina divulgou nota dizendo que as rotas especificadas pela Costa “estão em conformidade com todos os critérios da boa navegação”.
A Costa Cruzeiros suspendeu Schettino, que está sob prisão domiciliar, e se apresentou como vítima no processo.
Foschi também criticou a demora na retirada dos ocupantes do navio depois da colisão com uma rocha, na sexta-feira passada, e negou que tenha havido pressão sobre Schettino, por motivos financeiros, para que ele esperasse antes de anunciar a ordem de desocupação.
“Asseguro absolutamente a vocês que ninguém pensou em termos financeiros. Essa seria uma escolha que violaria nossa ética.”