O Rock in Rio teve dois comandantes de plateia nesta edição. Ambos têm o mesmo nome, mas mostram capacidades diferentes para conduzir multidões. De um lado está o cantor americano Bruce Springsteen, 64 anos completados nesta segunda (23). Do outro, o inglês Bruce Dickinson, 55, vocalista do Iron Maiden.

Como diz seu biógrafo Peter Ames Carlin, autor de “Bruce”, Springsteen representa a essência do sonho americano. Como seu viu no Rock in Rio, no sábado, ele faz shows em que busca a interação com a plateia o tempo todo. Vai até o público, joga-se sobre ele, deixa-se ser tocado, chama pessoas para o palco, deixa-as cantar ou dançar, tira foto junto. É o exemplo do bom moço, um sinônimo de homem de família. E alimenta isso com um repertório de soft rock que pode ser cantado por desde avôs até netos.

A plateia reage com entusiasmo à performance de Springsteen. Interage prontamente, quando ele pede, e esquece, ainda que temporariamente, a distância entre ídolo e fã.

Dickinson, que cantou com o Maiden nesta madrugada, no show de encerramento do Rock in Rio, não tem contato corporal com seu público, mas consegue conduzi-lo com uma simples frase ou um mexer de braços. Os fãs o tratam como fieis que seguem seu pregador. Da mesma forma que o americano, o inglês reúne gerações de uma mesma família para vê-lo, normalmente pais metaleiros que apresentam o trabalho de três décadas da banda aos filhos.

Springsteen vive da música. Dickinson é também piloto profissional de aviões, inclusive da própria aeronave da banda, profissão que alterna com a de cantor, e ainda começa a se destacar como homem de negócios. Vem ao Brasil, inclusive, no início de 2014, para dar uma palestra sobre empreendedorismo.

Os dois Bruces também têm em comum a energia que mostram ao vivo. O americano tem ficado mais de três horas no palco, em cada show, e o inglês chega a dar saltos durante a performance. São dois capitães que, cada um à sua maneira, demonstram uma vitalidade que é refletida na plateia em forma de admiração.