O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta terça-feira (24) que “já começamos a revisar a maneira como coletamos informações”, numa tentativa de equilibrar questões de segurança nacional com as preocupações de países aliados com relação à “privacidade”.
No discurso de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, a presidente Dilma Rousseff chamou de “violações dos direitos humanos” a suposta espionagem dos Estados Unidos ao governo e empresas brasileiras.
As denúncias de espionagem vieram à tona no início do mês, após reportagem da TV Globo mostrar que a NSA (Agência de Segurança Nacional) dos Estados Unidos monitorou comunicações de integrantes do governo e empresas, segundo dados obtidos com o ex-analista da agência, Edward Snowden.
O episódio fez com que Dilma adiasse uma viagem que faria aos Estados Unidos na semana passada, por considerar ‘insuficientes’ as explicações de Obama para o episódio.
Aproximação com o Irã
Obama, defendeu em seu discurso a via diplomática para as negociações com o Irã, e elogiou as declarações recentes do presidente iraniano, Hassan Rowhani, de que seu país “nunca desenvolverá armas nucleares”.
“A desconfiança [entre os dois países] é antiga. Não acredito que nossa história problemática possa ser resolvida da noite para o dia. Mas a sinalização de que o regime iraniano não persegue armas de destruição em massa é louvável”, disse Obama.
Segundo Obama, “o caminho pode ser duro, mas acredito firmemente que a ‘estrada’ da diplomacia precisa ser tomada”. O presidente afirmou que o secretário de Estado, John Kerry, está encarregado de “buscar progressos diplomáticos” na questão nuclear iraniana.
Kerry deve se reunir com o ministro do Exterior do Irã, Mohammed Javad Zarif, para discutir a questão.
‘Judeus sufocados’
O presidente comparou em sua fala os síros que morreram em supostos ataques químicos lançados por forças leais ao ditador Bashar Al-Assad aos “judeus que sufocaram nas câmaras de gás alemãs durante a Segunda Guerra”.
Ele voltou a criticar o que classificou como a “inação” do Conselho de Segurança da ONU para resolver a crise na Síria. “O que fazemos quando crianças são alvo de armas químicas? A comunidade internacional precisa reforçar sua condenação ao uso destes armamentos”.
De acordo com Obama, a intervenção ‘limitada’ americana no país “foi feita tendo em vista o que era melhor para o mundo e para os Estados Unidos”. Ele afirmou também que a Síria “não pode voltar a um status ‘pré-guerra'”, e que a posição de Assad é ‘insustentável’.
Intervenção no Oriente Médio
Obama afirmou também que está disposto a usar força militar para “garantir interesses dos EUA no Oriente Médio”, e listou ameaças terroristas e tentativas de interromper o fluxo de combustíveis na região como fatores que podem motivar uma intervenção.
“Qualquer perturbação no comércio de combustíveis tem um impacto enorme na economia mundial”, afirmou Obama. “Além disso, não toleraremos o desenvolvimento e uso de armas de destruição em massa.” Obama, no entanto, disse saber que a “democracia não pode ser imposta via força militar”.
O presidente afirmou ainda que os EUA “limitaram” o uso de drones – aviões não tripulados usados em operações contra alvos inimigos – apenas para “os casos nos quais o indivíduo representa uma ameaça nosso país”.