Arquiteto, urbanista e designer, o francês Jean-Michel Wilmotte começou a carreira em 1975, em Paris, e desde então transformou seu escritório no sexto maior da França e no 74º maior do mundo. Com um estádio de futebol já pronto e outras arenas esportivas em andamento, o arquiteto se prepara agora para ir mais longe e desenhar construções dignas de Copa do Mundo. Com um projeto para o estádio de Kalingrado, na Rússia – onde acontece o Mundial de 2018 -, e uma proposta para o Qatar – que sedia o evento em 2022 -, ele diz que o esporte sempre foi uma paixão, assim como eventos internacionais de grande porte.
Jean Michel Wilmotte (Foto: Divulgação)
Novas oportunidades sempre o instigaram, e fazer o inesperado o fez chegar até aqui. Dos menores e mais econômicos projetos aos mais imponentes e complexos, todos o interessaram ao longo do caminho. E foi assim que aceitou o desafio de se envolver em projetos esportivos, começando pelo estádio de futebol Allianz Riviera, em Nice. “A oportunidade surgiu através de um amigo e não hesitei”, conta. O projeto, que é o nono maior da França e abriga um museu do futebol, procurou encontrar o equilíbrio entre ecologia e tecnologia. A fachada de 27 metros de madeira se entrelaça com a estrutura metálica para deixa-lo mais elegante. “Madeira significa ecologia e hoje todo mundo que ser ecológico”, brinca Wilmotte.
O sucesso do primeiro projeto o fez embarcar em novos desafios. “Eu gosto muito da ideia de trabalhar em eventos internacionais, como a Copa do Mundo”, conta. E assim partiu para um estádio maior e com mais visibilidade. O Kaliningrad Stadium, desenhado para sediar os jogos da Copa do Mundo de 2018, na Russia, terá 45,000 lugares e todas as características necessárias para atender aos padrões Fifa.
Padrões estes que, para nós, geraram muita polêmica. Mas as rigorosas exigências são menos difíceis de serem atendidas pelas construções europeias. Com assentos marcados e menos torcedores de pé, os estádios por lá, a princípio, já atendem à normas de construção muito parecidas com as da Fifa. “Existem dois tipos de projetos: os que são construídos do zero e as adaptações, como foi o caso da reforma do Maracanã. Quando se constrói do zero, este padrão é uma espécie de manual, por isso é muito mais fácil fazer um estádio novo”, explica.
Mas para ele isso não é o mais importante. “Além da segurança, o que importa é que o público se sinta próximo do campo”, diz. Wilmotte também planeja suas construções baseado na ideia de circulação, para que o público possa andar livremente, sem que haja barreiras por categorias.
E nem só de jogos vivem seus estádios. É importante sempre dar um algo a mais a eles. Agregar salas comerciais e atividades culturais aos projetos é uma forma de proporcionar sua sobrevivência financeira após os grandes campeonatos que sediam. “Em média, grande parte dos estádios recebe de 12 a 15 partidas por ano e o resto do tempo fica vazio”, explica. E fica a dica para o Brasil: “Eu acho que esta é a única forma de salvar os estádios após a copa”.
Apaixonado pelo país e pelo Rio de Janeiro, onde constrói um hotel que servirá para os Jogos Olímpicos de 2016, ele conta que sua maior motivação para trabalhar aqui foi a cidade do Rio de Janeiro em si. Mas, durante a Copa, gostou mesmo do que viu em São Paulo. “Estive no Itaqueirão e gostei muito da forma como as arquibancadas foram construídas, achei o estádio bonito, confortável e com boa visibilidade”, elogia.
Animado com a Copa do Mundo, Wilmotte conta que planeja seguir no ramo de esportes. “Estamos com um projeto para a Arábia Saudita e talvez um no Qatar”, diz ele. E brinca: “Estou torcendo para que o Brasil possa ganhar mais um título em algum destes estádios”.