O comediante francês Dieudonné foi detido hoje (14) por supostamente fazer “apologia ao terrorismo” depois de ter escrito no Facebook comentários que sugeriam que simpatizava com um dos autores dos ataques da semana passada em Paris, disse uma fonte judicial.
O Ministério Público francês abriu um processo contra o humorista francês depois de ele ter divulgado a mensagem: “Esta noite, naquilo que me diz respeito, sinto-me Charlie Coulibaly”.
A mensagem mistura o slogan popular Je suis Charlie (Eu sou Charlie) usado em homenagem aos jornalistas mortos no semanário satírico, com uma referência a Amedy Coulibaly, que na sexta-feira (9) matou quatro pessoas durante um ataque contra um supermercado judaico em Porte de Vincennes, nos arredores de Paris.
O ataque contra o supermercado ocorreu dois dias depois do atentado contra o semanário, no qual morreram 12 pessoas.
Numa visita à comunidade judaica em Paris, o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, descreveu nessa terça-feira (13) Dieudonné como uma figura “desprezível”.
Não é a primeira vez que este polêmico humorista, que se destacou pelos gestos e piadas antissemitas, é alvo de um processo judicial.
Dieudonné M’bala M’bala, que em janeiro de 2014 teve vários dos seus espetáculos proibidos na França devido a comentários antissemitas, é suspeito de fraude fiscal e lavagem de dinheiro por causa de uma suposta transferência de 400 mil euros para os Camarões em 2009, sem que tivesse pago as multas fiscais que lhe foram impostas, no valor de 65 mil euros.
Na mesma época, o humorista francês foi proibido de entrar no território britânico, por ter manifestado a intenção de ir ao Reino Unido apoiar o jogador de futebol francês Nicolas Anelka, que tinha sido convocado para uma audiência disciplinar por ter feito um gesto considerado antissemita durante um jogo no campeonato de futebol britânico.
Em fevereiro de 2014, Dieudonné foi absolvido pela Justiça francesa em um processo que teve como origem um vídeo em que apelava para a libertação do assassino de um jovem judeu. O tribunal considerou que não tinha ficado demonstrado que o controverso humorista era responsável pela divulgação do vídeo, que veio a público em abril de 2010.
Dieudonné foi acusado de injúria e difamação dirigida a uma comunidade ou religião, bem como do crime de apologia de atentado voluntário à vida. No vídeo, o humorista denunciava “o poder do lobby judeu” e apelava para a libertação de Youssouf Fofana, condenado pela morte na França de Ilan Halimi, um jovem judeu sequestrado, torturado e morto em 2006.