A cidade síria de Ibled, conquistada no sábado (28) pela Frente Al Nusra, filial da Al Qaeda, poderá vir a ser a “capital” da organização na Síria, afirmaram analistas ouvidos pela agência de notícias espanhola EFE.
Idleb, no Norte do país, tornou-se a segunda capital de província na Síria, depois de Al Raqqa se tornou o centro do grupo radical Estado Islâmico (EI). O governo do presidente Bashar Al Assad perdeu o controle dessas cidades.
A cidade foi tomada pela Frente Al Nusra em colaboração com outras facções islâmicas opositoras ao regime de Al Assad, envolvido desde 2011 numa sangrenta guerra civil que já fez mais de 220 mil mortos, segundo estimativa das Nações Unidas.
“Idleb é uma localidade muito importante, tanto do ponto de vista geográfico como estratégico”, explicou o analista libanês Hisham Yaber. Segundo o analista, a Frente Al Nusra estava à procura de um lugar onde se estabelecer, “uma capital, como aconteceu com o Estado Islâmico em relação a Al Raqqa. Agora que tomou Idleb já tem a sua cidade”.
Idleb e a respetiva província têm um grande importância por se encontrarem entre Alepo e Latakia, um dos principais redutos do regime.
“Latakia é prioritária para as autoridades, porque é um dos seus feudos, assim como a autoestrada que liga Latakia a Damasco”, destacou Yaber. ”Temos que esperar para ver se o Exército sírio vai ficar em silêncio depois da sua derrota em Idleb ou se contra-atacará”, sublinhou.
Para Mario Abu Zeid, analista do centro de estudos Carnegie do Oriente Médio, em Beirute, a conquista de Idleb por parte dos extremistas era previsível, uma vez que “a Frente Al Nusra há muito tempo mobilizava recursos naquela área”.
Na ofensiva a Idleb, o ramo da Al Qaeda, contou com o apoio de grupos rebeldes sírios, como o Movimento Islâmico (Levante) e a facção radical Yund al Sham, entre outros.
No entanto, o líder do Movimento Islâmico dos Livres de Sham, Hashem al Sheij, negou qualquer intenção de criar um Emirado Islâmico em Idleb e afirmou que os rebeldes da Frente Al Nusra não vão conseguir transformar a cidade numa Al Raqqa a menos que lutem contra outros grupos e os expulsem de lá.