Um mês após o dramático naufrágio no Mediterrâneo, que causou a morte de 800 pessoas, a União Europeia (UE) oficializa hoje (18) uma operação naval para impedir a atividade dos traficantes de pessoas que exploram a situação dos imigrantes que querem chegar à Europa.
Esta missão inédita vai implicar o destacamento de navios de guerra e aviões de vigilância dos exércitos europeus para a costa da Líbia, que se tornou a mais importante plataforma de tráfico de pessoas.
A missão terá um acordo com as Nações Unidas e só será de fato lançada em junho, mas será formalmente decidida hoje pelos 28 ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, após uma reunião com os ministros da Defesa.
A UE, acusada de passividade ou indiferença, está sob pressão à medida que se intensificam os dramas da imigração no Mediterrâneo.
Foi o naufrágio da noite entre 18 e 19 de abril, na costa da Líbia, que causou a morte de 800 pessoas, que motivou os governantes europeus a agir.
O fluxo de imigrantes nas águas do Mediterrâneo foi este ano mais forte que em 2014: num só dia, 2 mil pessoas foram resgatadas, no dia 14 de maio, numa dezena de operações coordenadas pela Guarda Costeira italiana.
Reunidos em caráter de emergência no dia 23 de abril, os dirigentes da UE pediram que fosse organizada uma operação para “capturar e destruir as embarcações” de contrabando da Líbia antes que pudessem ser utilizadas para transporte de imigrantes. Foi também decidido reforçar os meios das missões de vigilância e salvamento no Mediterrâneo da Agência Europeia de Gestão das Fronteiras Externas (Frontex), encarregada das fronteiras exteriores.
A missão naval foi condenada pelas organizações não governamentais, que consideram que apenas vai resultar num desvio das rotas pelos traficantes.
O procurador siciliano Giovanni Salvi, que combate os traficantes de pessoas, se mostrou cético: destruir os barcos de pescadores líbios pode colocar a população contra os europeus, alertou.