O grupo Eurotúnel afirmou hoje (29) ter interceptado, desde janeiro, mais de 37 mil imigrantes e pediu à França e ao Reino Unido que tenham uma “resposta apropriada”. A empresa informou ainda que, entre a noite de terça-feira e hoje, foram feitas 1,5 mil tentativas de invasão do túnel e uma pessoa morreu.

“O Eurotúnel alertou, há vários meses, a comissão intergovernamental do túnel sobre o Canal da Mancha e os poderes públicos sobre a explosão do número de imigrantes presentes em Calaisis [região de Calais, no Norte da França] e as consequências, às vezes dramáticas, que isso poderá ter”, disse o grupo que gere a concessão do túnel no Canal da Mancha. 

A nota destaca ainda que a situação “ultrapassa o que um concessionário pode fazer de forma razoável.”

Nas últimas semanas, o túnel no Canal da Mancha tem sido invadido diariamente pelos imigrantes mantidos em Calais pelas autoridades, mas que querem passar para o Reino Unido.

Entre a terça-feira e hoje, cerca de 1,5 mil imigrantes tentaram invadir o túnel e, na véspera, cerca de 2 mil pessoas tentaram passar pelo local, que liga a França ao Reino Unido, números jamais vistos pelo grupo gestor do Eurotúnel.

Até o final do ano, segundo a empresa, “novas cercas ao redor das plataformas de embarque” serão colocadas. Além dos “efetivos de segurança, cujo número foi duplicado, num total de 200 pessoas, há equipes com cães”.

O ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, anunciou hoje o envio de mais 120 polícias para Calais, sobretudo para atuarem na entrada do Eurotúnel, submetido a uma pressão migratória sem precedentes.

A decisão foi adotada depois de, entre a noite de terça-feira e hoje, uma pessoa ter morrido na zona do túnel, a nona morte nos últimos meses, atropelado por um caminhão que ia para o Reino Unido. 

Bernard Cazeneuve recordou que, desde 2012, multiplicaram-se os meios humanos implementados pelo Estado em Calais e pediu uma “abordagem global” do problema da imigração na Europa.

O ministro assegurou que os conflitos na Etiópia, Eritreia, no Sudão,  na Síria, no Iraque e no Afeganistão fizeram aumentar o número de imigrantes e que esta situação tem “repercussões particularmente duras” em Calais, onde “3 mil imigrantes querem chegar a qualquer preço ao Reino Unido”.

Cazeneuve disse que o governo britânico acabou de anunciar que investirá 10 milhões de euros para melhorar a segurança no Eurotúnel.

O ministro disse que o objetivo das autoridades é “manter a ordem pública, desmantelar as redes ilegais de tráfico humano, remover os clandestinos do local e encontrar soluções humanitárias para os imigrantes e aos que pedem asilo”.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, considerou a situação “muito preocupante” e garantiu que o Reino Unido está trabalhando em “estreita colaboração” com as autoridades francesas para tentar controlar este problema.

*Com informações da Agência Lusa