Dois suspeitos envolvidos nos tiroteios de ontem (15) na comuna de Forest, em Bruxelas, continuam em fuga e são procurados pela polícia, anunciou hoje (16) o procurador federal belga, Frédéric van Leeuw, em uma conferência de imprensa.

O procurador informou que no apartamento alvo das buscas, onde os dois suspeitos se encontravam e onde começaram as trocas de tiros, foram encontrados um livro sobre salafismo – movimento reformista islâmico que surgiu no Egito – e uma bandeira do Estado Islâmico.

Um terceiro indivíduo morreu durante a operação antiterrorista desencadeada na terça-feira, depois que quatro policiais – três belgas e uma agente francesa – se feriram sem gravidade quando faziam buscas em um apartamento, no âmbito dos inquéritos aos atentados de Paris em novembro do ano passadopassado.

De acordo com a procuradoria federal, o agressor morto, identificado como Belkaïd Mohammed, é de nacionalidade argelina e estava ilegalmente na Bélgica. Ele era conhecido pelas autoridades judiciais por um roubo simples cometido em 2014.

A investigação

Membros do Ministério Público belga convocaram uma coletiva de imprensa mas não permitiram que os jornalistas fizessem perguntas. Eles disseram que, para não comprometer a investigação em curso, iriam apenas ler um comunicado sobre os fatos que podem ser divulgados. A entrevista foi tão concorrida que as revistas individuais aos mais de 100 jornalistas que compareceram durou mais de uma hora.

A procuradoria confirmou que, após os ataques de 13 de novembro em Paris – que fizeram mais de 130 mortos e foram reivindicados pelo Estado Islâmico –, já aconteceram 100 perquisições na Bélgica. A de terça-feira, na Rue du Dries, foi conduzida por uma equipe mista de seis agentes – quatro belgas e dois franceses -, que foram surpreendidos à chegada ao apartamento alvo de rusga por tiros de armas pesadas.

Três policiais foram recebidos a tiros assim que chegaram ao apartamento, mas ninguém se feriu gravemente. O argelino morto foi baleado por agentes das forças especiais belgas. Ele estava armado com uma kalashnik e de uma janela, apontava sua arma a outros policiais.

Dois outros ocupantes do apartamento, que não tiveram a identidade revelada para preservar a investigação em curso, conseguiram fugir e estão sendo procurados.

No apartamento, ao lado do corpo do argelino, foram encontrados um livro sobre salafismo, uma bandeira do Daesh, (acrónimo árabe da organização terrorista Estado Islâmico), 11 carregadores de kalachnikov e muitas munições, mas nenhum explosivo, prosseguiu o procurador.

Ao longo da noite foram realizadas outras perquisições, que resultaram na descoberta de outra arma kalachnikov e na detenção de uma pessoa, que ainda não se sabe se estará relacionada com os acontecimentos.

A procuradoria federal informou ainda que um homem deu entrada em um hospital de Bruxelas com uma perna quebrada, mas que ainda não pôde ser ouvido pelas autoridades policiais, que procuram pistas de uma eventual relação com os tiroteios de Forest, já que a pessoa que levou o indivíduo ao hospital fugiu assim que a polícia local chegou ao estabelecimento hospitalar.