A grande dúvida que aparece ao longo dos excessivos 140 minutos do novo “Karate Kid” é por que a palavra ‘karate’ está no título, já que a luta que o protagonista aprende é, na verdade, kung fu.

O detalhe pode até passar despercebido, já que o longa, embora seja o quinto da série, é um remake do original de 1984, que trazia Ralph Macchio e Pat Morita nos principais papeis. Desta vez, eles são substituídos por Jaden Smith (filho de Will Smith e Jada Pinkett-Smith, produtores do filme) e o consagrado ator chinês Jackie Chan (“A Hora do Rush”).

O novo “Karate Kid”, que estreia em cópias dubladas e legendadas, parece destinar-se mais ao público infantil do que a adolescentes e adultos, que provavelmente vão encarar com certo cinismo a batalha história do esportista que derrota não apenas seus oponentes mas também seus próprios medos e inseguranças.

Jaden é Dre Parker, um garoto americano que se muda com a mãe viúva, Sherry (Taraji P. Henson, de “O Curioso Caso de Benjamin Button”), para a China quando ela é transferida no trabalho. Boa parte de “Karate Kid” foi rodada em Pequim. Assim, tudo aquilo que se vê na tela são locações reais, que introduzem um certo exotismo e beleza mas, mesmo assim, não conseguem disfarçar a dramaturgia simplista da trama.

Visitas à Grande Muralha e à Cidade Proibida são algumas das coisas mais interessantes do filme, que também mostra o cotidiano da capital chinesa, onde praticamente todo mundo que interage com Dre tem domínio da língua inglesa. O menino logo faz amigos e inimigos na escola e se apaixona por Mei Ying (Han Wenwen). A menina é amiga de infância de Cheng (Wang Zhenwei), o garoto que mais implica com o protagonista, ou para usar o termo da moda, um ‘bully’.

Cheng faz parte de uma academia de kung fu que mais parece um treinamento fascista e tem como uma das poucas metas na vida a de maltratar Dre. Entra em cena o sr. Han, um zelador de prédio interpretado por um Jackie Chan bem mais contido, que não faz caras, bocas nem estripulias, como habitualmente. Ele toma o protagonista como seu pupilo e decide treiná-lo para um campeonato de kung fu no qual o garoto irá enfrentar vários adversários, inclusive Cheng.

Dirigido por Harald Zwart (“A Pantera Cor-de-Rosa 2”), “Karate Kid” segue mais ou menos à risca o original. Naquele filme, o jovem aprendiz era obrigado a encerar um carro várias vezes como uma lição moral e até mesmo física. Aqui, o aprendizado tem a ver com colocar e tirar a jaqueta e depois pendurá-la num suporte.

Ao longo dessa jornada, suor e lágrimas vêm à tona. Como é de se esperar, ao final, mestre e pupilo incorporam lições que seguirão pela vida toda. Se isso soa como um tema surrado para os adultos, as crianças podem se divertir com os clichês – afinal, o filme foi feito para elas. Prova disso é que a canção final é cantada por Justin Bieber, o jovem cantor canadense.