A briga com a mulher, Cláudia Bossle Campos, não motivou a morte de Luiz Carlos Leão Duarte Júnior, o Champignon, disse ao UOL o delegado Danilo Alexíades, responsável pelo inquérito do caso. O ex-baixista do Charlie Brown Jr. foi encontrado morto com um tiro na cabeça, na madrugada desta segunda-feira (9), em seu apartamento, na zona Oeste de São Paulo. A polícia acredita ter sido suicídio.
Na noite de domingo, Champignon e Claudia saíram para jantar com um casal de amigos, Oscar e Juliana, em um restaurante japonês próximo à casa do músico, na Vila Sônia. No restaurante, Champignon e Juliana beberam saquê e, a certa altura, Cláudia pediu para que o marido parasse de beber. “Foi uma pequena discussão de casal. Quero deixar claro que não foi o que causou a morte dele”.
Ao ser deixado na porta de casa pelo casal de amigos, Champignon se despediu deles, agradeceu por tudo e pediu desculpas caso tivesse feito algo errado. “Ele estava determinado a fazer o que fez. Entre o elevador e o momento da morte passaram apenas três minutos. Foi muito rápido”. Segundo o BO, o baixista foi encontrado com uma pistola 380 na mão e um tiro do lado direito da cabeça. Ele fez dois disparos: o primeiro tiro teria sido um teste e foi feito em direção ao chão.
Alexíades disse que de acordo com os depoimentos colhidos, o músico já estava depressivo há algum tempo, desde que assumiu os vocais da banda A Banca, criada após a morte de Chorão, em março deste ano. “Ele estava com certa depressão por ser acusado de ser traíra por fãs do Charlie Brown”, disse o delegado.
Claudia contou ao delegado que Champignon só assumiu os vocais do grupo porque esse era um desejo de Chorão pouco antes de morrer. “O Chorão mencionou que estava cansado, precisando de férias e que a única pessoa que poderia substituí-lo nos vocais era o Champignon. Isso é uma coisa que ninguém diz e Champignon acabou carregando esse peso sozinho”.
Alexíades diz que está quase descartada a possibilidade de que outra pessoa tenha participado da morte. “Ainda temos que esperar o resultado dos laudos, mas até pela posição do corpo não tem como outra pessoa ter entrado naquele quarto”. Segundo o BO, registrado pela delegada Milena Suegama, o corpo caiu próximo a porta, o que obstruiu a passagem.
Além da mulher de Champignon, já foram ouvidos o síndico, o porteiro e o zelador do prédio, os dois moradores que chegaram ao local pouco após os disparos, o casal de amigos e a irmã do músico, Daniele. O delegado ainda quer ouvir a empresária da Banca, Samantha de Jesus, e o músico Perí Carpigiani, ex-companheiro de Champignon na banda Nove Mil Anjos, e um dos últimos amigos a conversar com o baixista no domingo à tarde. “Quero conversar com eles mais para traçar o perfil psicológico do Champignon e como ele estava se sentindo no últimos dias de vida”.
Carpigiani conversou com o UOL nesta terça-feira e contou que Champignon desabafou poucas horas antes de morrer que vinha sofrendo cobranças e críticas em relação A Banca. No domingo, pela manhã, o músico chegou a ver uma montagem postada no mural de seu Facebook, onde era chamado de Judas.
Testemunho de vizinhos
Vizinho de Champignon, o corretor de imóveis Alexandre Banaion relatou que ouviu um barulho de tiro vindo do apartamento do músico por volta da meia-noite, seguido de gritos da mulher e latidos do cachorro do casal. Ele foi até a casa, onde encontrou a mulher do músico chorando e gritando: “Amor, você não fez isso”.
Muito nervosa, Cláudia contou à delegada que discutiu com Champignon, mas declarou que o marido não era um homem agressivo e não usava drogas ou medicamentos controlados. Ela foi levada para um hospital em estado de choque por volta das 2h30 e liberada às 6h40. Champignon tinha ainda uma filha de 7 anos de seu primeiro casamento, e segundo um tio a menina está com a mãe e já sabe da morte do pai. A pistola, um espingarda, celulares e computadores foram apreendidos. A delegada informou que não encontrou qualquer vestígio de drogas no apartamento.