Sir Stirling Moss e oito misses brasileiras eram os anfitriões do estande da Chevrolet no Salão do Automóvel de 1968. Girando sob os holofotes da sexta edição da exposição está um futuro ícone, o Opala. Há exatos 45 anos o Brasil conheceu o primeiro carro de passeio da GM fabricado no País. Antes dele, a marca só montava caminhões, furgões e a perua Amazonas. Porém, a história do Opala começa dois anos antes com um empurrão do governo Juscelino Kubitschek.
Em 1966, a Chevrolet anuncia o projeto 676, um carro nacional que atenderia ao índice de 44% de nacionalização estabelecido pela gestão JK. O Impala até foi considerado para virar nacional, mas os carros da europeia Opel, mais compactos e viáveis, tomaram à frente. Kadett e Olympia estavam no páreo, no entanto, o Rekord foi o eleito. Mais exatamente o Rekord C, também de 1966. Os faróis ovalados do carro alemão foram substituídos por peças redondas. A grade do Opala foi inspirada no Chevy Nova, com frisos horizontais cromados.
As luzes de pisca estavam logo abaixo do para-choque. Na lateral, as rodas com faixas brancas e as calotas cromadas davam charme ao modelo. Na traseira, uma faixa cromada com frisos ostenta o nome Chevrolet, só na versão Luxo, como o das fotos.
A novidade, lançada na configuração sedã, vinha nas versões Especial e Luxo. As diferenças no acabamento estavam nas luzes de ré, na abertura com chave da tampa do tanque de combustível e nos frisos. Ele levava até seis pessoas graças ao banco inteiriço.
ROMÂNTICA
Por esse banco, o primeiro Opala tem câmbio manual de três marchas na coluna de direção. A tração, lógico, era traseira e havia duas opções de motor. A de entrada, Especial, tinha quatro cilindros em linha 2.5 com 80 cv de potência. O Luxo trazia motor seis cilindros em linha 3.8 de 125 cv. Com ele, o Chevrolet acelera até 100 km/h em 13 s e chega a 165 km/h de velocidade máxima. Na época, o carro nacional mais rápido.
Havia também algumas inovações técnicas. A suspensão dianteira vinha presa a uma travessa que, por sua vez, estava ligada por parafusos ao monobloco. A solução, depois batizada de subchassi, filtra melhor as irregularidades e vibrações. Os pneus diagonais não tinham câmaras, algo inédito em carros nacionais. Os freios eram autoajustáveis. Você dava ré e freava para acertar o curso do pedal. Porém, o Opala saía de fábrica com tambores nas quatro rodas, enquanto outros carros feitos no Brasil já contavam com discos na dianteira.
Há duas versões para a origem do nome Opala. A mais entediante é que é a junção de Opel, origem do carro, e Impala, modelo americano que emprestava o motor. A história mais, digamos, romântica é que a opala, um tipo de sílica que fica colorida sob a luz e é usada em joias, foi a real inspiração do batismo.
IMPECÁVEL
O lindo Chevrolet Opala 1970 desta reportagem pertence aos amigos Ivan Luna e Rodrigo Accioli. Comprado em 1996, o sedã teve motor, câmbio, suspensão, diferencial e freios desmontados. Os componentes desgastados foram trocados e o carro foi repintado. O bloco do motor manteve a pintura laranja original. Como você já percebeu, os bancos são individuais, o que era um acessório na época. Os pneus são radiais, não diagonais. O que o Accioli mais gosta no Opala é o conforto e o ronco do motor.
O carro não fica parado. Os amigos vão a encontros de antigos e passeios com frequência. O zelo da dupla com o Chevrolet é tanto que eles passam um produto especial para manter tinindo o vinil no teto e creme de bebê (!) para hidratar os bancos de couro. O Opala deixou de ser feito em 1992 depois de ter 1 milhão de unidades produzidas.