Puxadinho, carro cortado, “burro de carga”, esportivo de pobre. Picapes já tiveram as piores alcunhas possíveis no Brasil, que revelam desde a jocosidade politicamente incorreta típica de um povo ainda em formação, até a falta de interesse das montadoras locais em entregarem produtos mais sofisticados. O cenário atual, porém, indica mudanças.
Se ainda não há oferta de picapes de maior porte a preços acessíveis, pelo menos encontra-se variedade, indo de modelos feitos para o trabalho bruto a opções recheadas de conforto e tecnologia. Falamos, claro de modelos compactos (derivados de carros de passeio) e médios (estruturados sobre chassis), principalmente, já que o uso de modelos grandes (“supercab”, “heavy duty” e afins) por aqui ainda é visto como desnecessário pela maioria das marcas.
UOL Carros fez uma seleção de 14 opções à venda no Brasil neste momento. Não consideramos modelos com a configuração chamada de “chassis” — quando não há a caçamba disponível de fábrica.
BOAS DE LOJA
A situação do nicho — principal filão do segmento de comerciais leves — é tão propícia que o país observa, pela primeira vez, a possibilidade de ter uma picapinha como modelo mais vendido do mercado. A Fiat Strada fechou as três primeiras semanas de março como o veículo mais vendido no Brasil, desbancando o Gol de sua posição até então inabalável — 27 anos consecutivos de liderança.
Crise do hatch à parte, os predicados da Strada são conhecidos e se estendem a outros modelos com caçamba, sejam estes compactos ou médios: ampla variedade de opções de motorização (a Fiat entrega sua picape com o 1.4, o 1.6 ou o 1.8 flex, câmbio manual ou automatizado), de cabine (simples, estendida ou dupla), de acesso (a Strada tem agora opção de cabine dupla com três portas, enquanto modelos médios seguem o padrão de sedãs, com quatro portas), de capacidade de carga e de aptidão para enfrentar diferentes pisos (a Strada tem opção de bloqueio eletrônico de diferencial, Locker, enquanto modelos maiores se valem de tração 4×4 com reduzida).
Entre os modelos encontrados, há até um genuinamente brasileiro, o parrudo Agrale Marruá, para saciar quem reclama do estrangeirismo automotivo em nosso país. Os preços são variados, mas o título de picape mais barata fica com a Chevrolet Montana LS, legítima “pé-de-boi”, que sai por iniciais R$ 34.390. A mais cara é a única opção “peso-pesado” do pais: a Ram 2500 custa R$ 174.900.
Além da opção flex, escolha pensada no mercado local, há a óbvia motorização turbodiesel, disponível apenas nos modelos de maior porte e que privilegia a entrega maciça de torque. Há opções mais tecnológicas, como a Volkswagen Amarok, com dois turbos e câmbio automático de oito marchas, ou mais “mastodônticas”, como o seis-cilindros em linha da grande Ram 2500 Laramie, com 310 cv e mais de 80 kgfm.
Na lista, há até modelos para quem não quer pensar em carregar carga — ignorando a caçamba atrás da cabine –, caso da Ford Ranger Sport, pensada para atrair um público mais jovem e que poderia optar pelos modelos menores, mas também da coreana SsangYong Action Sports, que deixou de lado o visual esquisitão para conquistar público interessado no amplo espaço de sua cabine dupla.