A Sony anunciou nesta terça-feira, 16, que passará a montar seus consoles de videogames PlayStation 4 no Brasil. A operação será feita em parceria com a empresa Flextronics – a mesma empresa que monta o console Xbox, da rival Microsoft, no País –, sob os benefícios fiscais da Zona Franca de Manaus. O objetivo é reduzir o preço aparelho por aqui, hoje em torno de R$ 4 mil, tornando-o mais competitivo com o do Xbox One, vendido no varejo pela metade do preço desde 2013.
Com o início da montagem, os consoles chegarão às lojas brasileiras com valor reduzido em outubro deste ano. Quanto à expressividade dessa redução, o responsável por PlayStation no Brasil, Anderson Gracias, evita dar detalhes. “Seria imprudente falar qualquer coisa agora porque ainda faltam quatro meses. Tem muita coisa que pode acontecer na economia, para cima ou para baixo”, disse ao Link Estadão.
“Apesar do produto ser montado no Brasil, o dólar impacta muito porque todos os componentes são importados.” Segundo o gerente geral das operações relacionadas a games no País, o valor do console “comparado com o do produto importado, a redução pode ser grande. Minha expectativa é de uma redução, eu diria, considerável.”
Com esse passo dado, o Brasil passará a ser o segundo país a fabricar PlayStation 4 no mundo além da China. “Cada dia que passa o Brasil se torna mais importante para a PlayStation. O gamer brasileiro foi ouvido pela nossa matriz. Isso mostra a importância do País e o nosso foco nesse mercado no mesmo momento que alguns estão se recolhendo e tomando direções contrárias”, disse Gracias.
Em janeiro, a Nintendo anunciou o fim das suas operações de distribuição no Brasil dizendo que apesar de ser “um mercado importante” para a empresa japonesa de games “desafios no ambiente local de negócios” tornaram seu modelo de distribuição “insustentável”. “Estes desafios incluem as altas tarifas sobre importação que se aplicam ao nosso setor e a nossa decisão de não ter uma operação de fabricação local”, disse na época o diretor da Nintendo para América Latina, Bill van Zyll.
No ano em que o PS4 chegou ao Brasil por R$ 4 mil, o diretor da Sony para América Latina, Mark Stanley, disse ao Link Estadão, que achava o preço horrível e que a empresa estava“perdendo dinheiro lançando o PlayStation 4 no Brasil”. Já em 2014, Anderson Gracias afirmou que a decisão de trazer o console, mesmo com preço mais alto, estava baseado na ideia de não “ignorar o País”, e trouxe resultados surpreendentemente positivos.
“É um sonho antigo meu o de trazer, eu já vinha trabalhando nisso há muito tempo”, diz, hoje, Anderson Gracias, satisfeito com a recepção da notícia divulgada inicialmente na E3, o maior evento de games do ano, realizado em Los Angeles, nos EUA.
A produção nacional do PS4, no entanto, não deve gerar qualquer impacto nos preços dos jogos, nem do console antigo, produzido no Brasil desde maio de 2013 (dois anos depois do início da produção do Xbox 360 no País). Jogos, aliás, tem chegado ao varejo com preço muito acima do esperado pela Sony. “Hoje, o lançamento de um game triple AAA (como chamamos as grandes produções), sai por R$ 199. Mas tem gente no vendendo por R$249 ou até R$299. Estamos brigando para manter nossa estratégia de preço independente deles.” Nos Estados Unidos, um jogo do mesmo nível é vendido por cerca de US$ 60 (R$ 187, sem impostos).
Vue e Now
Quanto a vinda de outros serviços da empresa como o PlayStation Vue – de streaming de canais de televisão – e PlayStation Now – que faz streaming de games antigos em consoles da Sony – ao Brasil, o executivo local diz que a “plataforma digital brasileira tem sido avaliada dia a dia pela matriz”, que está “estudando” a possibilidade. “Eu não tenho uma proposta concreta, mas o que posso garantir é que o Brasil está no radar.”