A temperatura no interior de um carro parado aumenta rapidamente e pode levar uma criança à morte em poucas horas, segundo um estudo realizado pelo Departamento de Geociências da Universidade Estadual de San Francisco, nos Estados Unidos. Crianças que ficam trancadas em veículos passam a correr sérios riscos de saúde em apenas 30 minutos de confinamento. Nesta quarta-feira (18), um bebê de cinco meses morreu após ficar entre 8h40 e 13h dentro de um carro estacionado na Rua Salvador Mastropietro, na Vila Prudente, Zona Leste de São Paulo.

O estudo norte-americano concluiu que a temperatura dentro de um carro parado debaixo de sol com os vidros fechados aumenta 80% nos primeiros 30 minutos. A pesquisa concluiu ainda que um veículo em temperatura ambiente de 25°C, após uma hora tem sua temperatura interna aumentada para 47,8°C. Com uma temperatura externa em 29°C, como a registrada na quarta-feira (18) em São Paulo, após uma hora o calor dentro do carro chega a 51,7°C.

Ainda de acordo com o estudo, o corpo de um bebê absorve mais calor em um dia quente e as crianças têm capacidade de respiração menor do que os adultos, consequentemente, têm menos condições de dissipar o calor do corpo pela transpiração. Se o corpo atingir a temperatura de 41,6°C a criança pode sofrer uma parada cardiorrespiratória.

O estudo mostra ainda que um carro com o vidro traseiro semi-aberto também tem um aumento mais lento da temperatura interna, mas após 55 minutos alcança a mesma temperatura que teria se os vidros estivessem fechados.

EUA registraram 42 mortes em 2002

Levantamento feito pelo Departamento de Tráfego dos Estados Unidos (NHTSA) contatou que em 2008 42 crianças morreram vítimas de hipertermia após ficarem trancadas dentro de veículos.

Este ano já foram registrados 31 casos. A média nos últimos dez anos é de 29 mortes por ano, sendo que em 51% dos casos as crianças foram esquecidas involuntariamente pelos responsáveis, em 38% os pequenos entraram em um carro parado e não conseguiram sair, em 18% foram deixadas propositalmente pelos adultos, e em 1% não se chegou a uma conclusão.

“As crianças nunca devem ser deixadas sozinhas dentro ou em volta de um veículo, mesmo por um curto período de tempo”, adverte Ronald Medford, diretor do NHTSA.