Trancos, hesitações, travamentos. Essas palavras assustam quando associadas a um câmbio automático, que por definição deveria funcionar sozinho e sem problemas. Mas é o que tem ocorrido com a caixa de seis marchas GF6, da Chevrolet, segundo donos principalmente de Spin e Cruze – apesar de ela equipar também Cobalt e Sonic.
E não são apenas os modelos com alta quilometragem que entram na lista: há veículos menos rodados que apresentam um ou mais dos defeitos acima. Como o Cruze LT 2013 do empresário Leandro de Souza Paes, que tem apenas 26.000 km. “Notei os trancos e a demora de engate da ré desde que ele era novo. Mas a concessionária sempre dizia que era característica do carro.” Recentemente, ele estava numa rodovia quando o câmbio entrou em modo de emergência: não saía da terceira. “A autorizada pediu R$ 18.000 para a troca da caixa”, conta o empresário, que acabou fazendo o serviço numa oficina particular ao custo de R$ 5.500.
Entre os mais rodados, está o taxista Mário de Castro Ferreira da Silva, proprietário de uma Spin LTZ, há três anos na praça e com pouco mais de 100.000 km. “Mas desde zero-quilômetro, ela vem dando trabalho. Só que no início eram trancos mais fracos, não tão constantes, principalmente nas reduzidas e retomadas”. Ao contrário de muitos colegas que têm o mesmo problema, Mário fez todas as revisões na concessionária. “Quando eu ia lá, era a mesma história: que era normal, uma característica do carro.”
O caso não é só conhecido na rede autorizada como na internet (o site Reclame Aqui registra mais de 30 reclamações) e oficinas especializadas em transmissão automática, como a do técnico Adriano Manhani Martins. “Já atendi cerca de 40 câmbios em dois meses. E não são veículos maltratados, mas de gente que os usa normalmente no dia a dia.”
Consultada, a GM diz que “não é possível identificar ou avaliar o fato relatado” sem antes entrar em contato com os clientes entrevistados, o que não foi autorizado por eles.
O POVO RECLAMA
“Quando eu ia à autorizada, era a mesma história: que o carro era assim, que era característica do veículo.” – Mário de Castro Ferreira da Silva, taxista, dono de uma Spin LTZ 2014.
“Começa com trancos, depois há os problemas nas reduzidas e a seguir vem a perda de força. Além disso, apresentou problemas na refrigeração, o que culminou com a troca do radiador.” – José Ferreira Filho, taxista, dono de uma Spin Advantage 2014.
“Meu carro com 26.000 km entrou em modo de emergência e não saiu mais. Tive de trocar o câmbio por R$ 5.500.” – Leandro de Souza Paes, empresário, dono de um Cruze LT 2013.