Uma nova pesquisa ajuda a explicar um mistério que tem intrigado os cientistas: o volume de poluentes orgânicos sedimentados em certos lagos está crescendo desde a década de 1990, apesar de o uso industrial de tais substâncias estar em declínio por força de legislação progressivamente mais rígida.

A equipe de Christian Bogdal, do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça (ETH, na sigla em alemão), investigou o Lago Oberaar, um corpo d´água alimentado por glaciar, nos Alpes de Berna. Um glaciar é um “rio de gelo” alimentado pelo acúmulo de neve. Ele escoa das montanhas para regiões mais baixas.

Os cientistas buscavam poluentes orgânicos persistentes, incluindo dioxina, um organoclorado altamente tóxico e cancerígeno, bifenis policlorados (PCBs) e até fragrâncias sintéticas. Concluíram que a concentração dessas substâncias no lago é similar, senão mais alta, do que os níveis registrados na década de 60 e 70.

Os especialistas concluem que as substâncias contaminantes ficaram preservadas por décadas, após acabarem sendo depositadas nos glaciares alpinos. (As emissões industriais podem ser transportadas a longas distâncias por correntes atmosféricas, rios e mares.) Com o derretimento decorrente do efeito estufa, os químicos orgânicos estão escoando para os lagos. O artigo que apresenta as conclusões de Bogdal e sua equipe, “Blast from the Past: Melting Glaciers as a Relevant Source for Persistent Organic Pollutants”, será publicado na revista especializada “ACS’ Environmental Science & Technology”.