O Brasil deve priorizar o crescimento econômico e não adotar uma meta para o corte nas emissões de gases-estufa nem se submeter a regras como as dos países desenvolvidos na reunião da ONU sobre clima, propôs a Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quinta-feira.

Em documento que expôs a posição dos industriais brasileiros, a CNI defendeu a participação “voluntária” do Brasil nos esforços para a redução de gases que provocam o efeito estufa. A entidade, no entanto, é contra a adoção de metas de corte na emissão de poluentes do país.

“Estes esforços devem estar em consonância com o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas e não devem impor quaisquer limites às prioridades nacionais de crescimento econômico”, disse a CNI em relatório.

Mais de 190 países se reunirão em Copenhague no próximo mês para negociar um novo acordo climático global, que substituirá o Protocolo de Kyoto, para combater as mudanças climáticas.

Entre as principais divergências estão os objetivos de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, e como levantar bilhões de dólares para ajudar os países pobres a lidar com os impactos do aquecimento global.

“As metas de redução de emissões dos países desenvolvidos devem ser mais ambiciosas”, acrescentou o documento. “A participação dos países em desenvolvimento, inclusive do Brasil, deve respeitar o direito ao crescimento econômico, ao consumo de bens essenciais e à melhoria da qualidade de vida”.

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou na terça-feira que o Brasil apresentará uma “meta forte” na reunião sobre clima da ONU, mas preferiu não especular o número, apesar de já ter se mostrado favorável a um corte de 40 por cento nas emissões de gases poluentes do país.

Os industriais também se mostraram contrários à “barreiras comerciais” com o estabelecimento de políticas que restrinjam o comércio em relação ao nível de carbono lançado na atmosfera.

“O combate ao aquecimento global exigirá um esforço coordenado de todos os países, inclusive do Brasil”, disse a CNI. “(Esperamos) que sejam acordados mecanismos e recursos que fortaleçam as ações voluntárias de mitigação e a adaptação dos países em desenvolvimento”.

A questão do aquecimento global é vista como problema grave por 90 por cento de entrevistados em pesquisa CNI-Ibope, divulgada na semana passada.

O levantamento, realizado com 2002 pessoas em 142 municípios brasileiros, indicou que 47 por cento dos pesquisados acredita que todos os países devem reduzir suas emissões, especialmente os mais ricos.

O governo prometeu anunciar em 14 de novembro as medidas que serão apresentadas pelo Brasil na cúpula da ONU na Dinamarca.