Vários países desenvolvidos já falam em adiar a decisão para 2010. “Temos de ser flexíveis. Não podemos dizer que Copenhague é o ponto final”, disse o negociador chefe da União Europeia, Artur Runge-Metzger. “A luta contra o aquecimento global não acaba em Copenhague.”
A expectativa é de que o encontro na Dinamarca, no mês que vem, produzirá apenas um “acordo político”, sem metas compulsórias de redução de emissões – algo que seria definido mais adiante, numa outra reunião seis meses ou até um ano depois.
“Copenhague não é apenas mais um passo numa longa jornada”, enfatizou o secretário-executivo da Convenção do Clima das Nações Unidas, Yvo de Boer. O martelo, segundo ele, tem de ser batido na Dinamarca, como manda a agenda de negociações.
“O tempo está se esgotando. Se não tivermos clareza sobre as metas dos países desenvolvidos, então Copenhague terá fracassado.”
Em Barcelona, onde diplomatas climáticos estão reunidos para uma última rodada preparatória antes de Copenhague, as negociações estão estagnadas. Apesar de alguns pequenos avanços em temas secundários, faltam as peças principais do jogo, que são as metas de redução de emissões dos países desenvolvidos para o segundo período de compromisso do Protocolo de Kyoto, que começa em 2013.
Nenhum dos grandes emissores quer se comprometer com um número antes de saber qual será a participação dos Estados Unidos, o que só será possível politicamente após a votação dos projetos de lei que tramitam no Congresso americano – o que não deve acontecer antes de 2010.
“Não podemos condicionar a luta contra o aquecimento global às vontades do Congresso americano, que tem fortes ligações com a indústria de combustíveis fósseis”, disse o coordenador político do Greenpeace, Martin Kaiser. “Agora é a hora de avançar, não de recuar”, disse o diretor da Rede de Ação Climática na Europa, Matthias Duwe.
Dois projetos que tramitam no Legislativo americano preveem reduções de 17% a 20% das emissões de carbono do país em relação ao ano 2005.
Para de Boer, mesmo que a legislação não seja aprovada a tempo, seria “perfeitamente possível” que o presidente Barack Obama apresentasse uma proposta de redução “dentro dessa faixa” em Copenhague.
O embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, chefe da delegação brasileira em Barcelona, disse que “é importante não perder a oportunidade de Copenhague”. “Não queremos um acordo político, queremos um acordo real, com metas quantificadas para os países desenvolvidos.”