O inverno começou há quase 10 dias, mas a maioria dos brasileiros ainda não sentiram aquele frio da estação mais gelada do ano. Segundo os meteorologistas da Somar, o registro dessas temperaturas mais elevadas se deve ao bloqueio atmosférico, que é causado pelos ventos em altos níveis – a mais ou menos 10 mil metros de altura. Esses ventos também são conhecidos como correntes de jato subtropical que corta o continente sul-americano de oeste para leste, mais ou menos na altura do Rio Grande do Sul e Uruguai.
De acordo com o meteorologista Paulo Etchichury, esse bloqueio – que é comum durante os meses de inverno – impede o avanço de frentes frias pelo Brasil e mantém-as presas no extremo Sul do país. Assim, as massas de ar de origem polar, que são associadas a frente fria, também não conseguem avançar e mais ou menos na altura do Rio Grande do Sul já são desviadas para oceano.
Sem o bloqueio, o normal seria que as chuvas e frio chegassem ao Sudeste e Centro-Oeste; já que a massa de ar polar não avança, ficamos sob o efeito da massa de ar tropical, que é quente e seco. O meteorologista explica ainda que esse bloqueio tira a condição de alternância da atmosfera (ora frio ou quente, seco ou úmido) e é essa persistência que traz o agravamento da secura do ar e a dificuldade de dispersão dos poluentes.
Segundo a Somar, a previsão é de que até o dia 4 de julho o frio ficará restrito aos pontos mais elevados da Região Sul, com máxima que não passa dos 21°C na maior parte dos Estados; entre os dias 5 e 9, o frio atinge apenas o extremo sul do Rio Grande do Sul. Já a partir do dia 10 e até pelo menos o dia 14 de julho, o bloqueio atmosférico será rompido e uma nova onda de frio avança pelo país, provocando acentuado declínio da temperatura em toda a Região Sul, além de parte dos Estados de São Paulo e de Mato Grosso do Sul.
De um modo geral, espera-se que a segunda metade do inverno e início da primavera sejam mais frios na média do que o início do inverno. Assim, a estação mais gelada do ano tende a ficar dentro da climatologia em todo o Brasil. No Sudeste e Centro-Oeste, espera-se um quadro normal de tempo seco, o que acarreta grande amplitude térmica e baixa umidade do ar.