Advogados dos réus envolvidos no suposto esquema criminoso liderado pelo empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, elogiaram hoje (31) a decisão do desembargador Fernando Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região de suspender os depoimentos agendados para esta quinta-feira e amanhã (1º). Reunidos no saguão externo do prédio da Justiça Federal em Goiás, os advogados reclamaram do andamento do processo.

Para o advogado Ney Moura Teles, que representa o ex-vereador goiano Wladimir Garcez, a defesa ganhou novo fôlego para identificar ilegalidades no processo, como o desmembramento dos autos entre os réus presos e em liberdade e a falta de dados sobre as interceptações telefônicas. Ele também disse que pediu a substituição do juiz Paulo Augusto Moreira Lima, pois acredita que o magistrado está atuando com parcialidade.

“Ele [o juiz] já prejulgou ao decretar a prisão preventiva. Já antecipou todo o juízo condenatório. Do jeito que as coisas iam caminhando, eles já estavam previamente condenados, seria mera formalidade essa audiência”, argumentou Teles.

O advogado Douglas Messora – que representa um dos assessores de Cachoeira Gleyb Ferreira da Cruz – também elogiou a decisão vinda de Brasília e defendeu que o processo corra com mais calma. “Demoraram três anos para investigar, e agora querem resolver o processo em 30 dias. Não é justo.”

Apontado como contador de Cachoeira, o réu Geovani Pereira da Silva está foragido, mas o advogado Calixto Abdala Neto comentou o impacto da medida para seu cliente. “Essa decisão é muita boa, todo mundo tem que ter acesso às provas”. Segundo Calixto, Geovani não está foragido, mas apenas “escondido” em Goiás porque não quer ser preso. “Ele irá se apresentar assim que a prisão for revogada.”

Além de advogados e jornalistas, as imediações da Justiça Federal em Goiás também foram ocupadas por manifestantes que protestaram contra o governador goiano Marconi Perillo (PSDB). Com faixas e megafones, eles criticaram o envolvimento do governador com Cachoeira e pediram a quebra do sigilo bancário do político.