A Justiça Federal do Paraná convocou 14 testemunhas, entre acusação e defesa, para depor em um processo referente à construtora Odebrecht, alvo da 14ª fase da Operação Lava Jato, nesta quarta-feira (16).

Os depoimentos serão prestados em três audiências marcadas para as 14h, 15h e 16h, em Curitiba.

Entre as testemunhas estão cinco delegados e policiais federais, entre eles Marcio Anselmo e Igor Romário de Paula, coordenadores da Lava Jato.

Ao todo, são treze réus neste processo. Entre eles estão o presidente da holding Odebrecht, Marcelo Odebrecht, preso no complexo médico, Alberto Youssef, detido na carceragem da Polícia Federal (PF), e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro.

A Odebrecht é suspeita de participar do chamado clube das empreiteiras, que se organizavam para fraudar contratos com a Petrobras, de acordo com o Ministério Público Federal e a Polícia Federal.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a Odebrecht e Andrade Gutierrez tinham esquema “sofisticado” de corrupção ligada à estatal, envolvendo pagamento de propina a diretores da estatal por meio de contas bancárias no exterior. As empresas negam.

As denúncias partiram de depoimentos de ex-funcionários da Petrobras, entre eles Paulo Roberto Cost. Além disso, de acordo com o juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações penais oriundas da Lava Jato na primeira instância, os delegados da PF e os procuradores do MPF apresentaram provas documentais significativas da materialidade dos crimes.

Assim como Marcelo Odebrecht, pelo menos 12 pessoas ligadas à empreiteira já são réus perante a Justiça Federal e respondem por crimes como organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro nacional e internacional.

CPI
Recentemente, Marcelo Odebrecht se recusou a falar sobre o processo judicial na CPI da Petrobras, realizada na capital paranaense, no dia 1º de setembro, mas respondeu a algumas perguntas dos deputados.

Ele negou a possibilidade de assinar acordo de delação premiada. “Para alguém dedurar, ele precisa ter o que dedurar. Isso não ocorre aqui”, disse.

“Infelizmente, estou engessado… Até por respeito à decisão do Supremo Tribunal Federal, no que tange especificamente ao processo, já que existe um processo criminal em andamento, a gente fica impedido de falar sobre o processo. Espero que os senhores entendam essa situação”, disse Marcelo Odebrecht. Após 35 minutos, o executivo foi dispensado pelos deputados.

Inquérito suspenso
Está suspenso um inquérito da PF aberto para investigar um bilhete escrito por Marcelo Odebrecht para os advogados que continha a mensagem “destruir email sondas”.

Na avaliação da Polícia Federal, o bilhete era uma tentativa de eliminar provas da operação. Os advogados que representam Marcelo Odebrecht, por outro lado, afirmam que o intuito da mensagem era aniquilar o conteúdo, resgatando o histórico.

A decisão de suspender o inquérito sobre o caso foi tomada após a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) solicitar pedido de providência por violação de sigilo profissional.

Agentes da Polícia Federal fizeram cópia de bilhete do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, para advogados (Foto: Reprodução)
Agentes da Polícia Federal fizeram cópia de bilhete do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, para advogados (Foto: Reprodução)