O Fórum Fotovoltaico realizado na manhã de ontem, 24, em Dracena, com objetivo de apresentar o processo de instalação das quatro usinas solares, assim como os benefícios na geração de empregos e renda ao município, reuniu mais de 600 participantes, desde empresários, políticos, representantes de associações, faculdades, do Governo Estadual e população em geral.
Três palestrantes especializados em energia elétrica sustentável, dissertaram o assunto, Fabiana Agostini Preti, engenheira ambiental da Solatio Energia, empresa da Espanha, vencedora do leilão da Agência Nacional e Energia Elétrica (Aneel) para instalação das usinas em Dracena, Carlos Alberto Canesin, professor da Unesp de Ilha Solteira e Milton Flávio Marques Lautenschlager, subsecretário de Energia Renováveis do Estado de São Paulo.
O prefeito José Antonio Pedretti, salientou que a Prefeitura realizou tudo o que foi necessário para conseguir a instalação das usinas em Dracena, desde o fornecimento das licenças prévias obrigatórias por parte de órgãos como a Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (Cetesb), Comando da Aeronáutica (Coman), entre outros.
Também ressaltou o apoio da Câmara, na aprovação do projeto de lei que isenta do recolhimento do Imposto Sobre Serviços (ISS), no período de construção das usinas. “Isso foi fundamental para que a empresa (Solatio) vencesse o leilão da Aneel, no dia 31 de outubro de 2014, trata-se da maior conquista para Dracena nesses 70 anos, quem irá ganhar será a região, o estado de São Paulo e o Brasil”, salientou.
Pedretti explicou que além do faturamento para as empresas já instaladas na cidade e as que irão vir para atender a demanda das usinas, os benefícios serão estendidos ao meio ambiente, à área técnica, uma vez que a construção e operacionalização das usinas exigirão conhecimentos técnicos e a economia do município que será reforçada, com geração de emprego, renda e recolhimento de impostos.
O prefeito agradeceu ao apoio do governador Geraldo Alckmin no empreendimento, dos deputados da região, à vice-prefeita, Célia Brandani, à Coordenadoria de Assistência Técnica e Integral (Cati) e demais órgãos que ajudaram na viabilização das usinas.
Pedretti enfatizou que novas empresas irão se instalar em Dracena. Ele citou a Matsuda, de Álvares Machado, que já demonstrou interesse em instalar no município, uma fábrica para componentes das placas fotovoltaicas. “Vamos incentivar a instalação das novas empresas no município”, declarou o prefeito.
SOLATIO – Segundo o administrador da Solatio, Edson Genari, a escolha de um local para implantação das usinas fotovoltaicas, leva em conta em primeiro lugar, o nível da radiação solar.
“Na região, primeiro entramos em contato com o proprietário da terra, José Vanil Guerra, depois com Prefeitura, a qual pedimos respaldo para realização do projeto. A recepção do prefeito ao empreendimento foi o fator fundamental para tornar o projeto competitivo no leilão em outubro, assim como a aprovação do projeto de isenção do ISS para a construção”, observou. Ele também salientou o apoio do deputado Reinaldo Alguz para o investimento.
“Agora as usinas estão em fase de instalação. Após essa etapa, será programado o começo das obras e a partir do começo de 2017 tem início a produção de energia. O que será gerado em Dracena, será incorporado ao sistema nacional de energia elétrica.
A previsão inicial é gerar 120 megawatts, com capacidade de abastecer uma cidade com aproximadamente 68 mil habitantes. A expectativa na fase de construção é gerar cerca de 600 empregos e 140 quando as usinas entrarem em operação.
AUTORIZAÇÕES – A engenheira ambiental, Fabiana Preti, abordou o tema “Autorizações Ambientais para as Instalações das Usinas Fotovoltaicas”.
Ela explicou que para obter o licenciamento ambiental prévio (LAP), para instalação de usinas solares, são analisados itens como o impacto no meio ambiente, localização, capacidade de poluição, reflexos na aviação, altura dos ruídos, entre outros.
Para obter as autorizações é necessário seguir normas da Política Nacional do Meio Ambiente, que prevê o impacto causado pelas usinas e órgãos como a Cetesb, no estado de São Paulo.
“A radiação no Brasil é muito boa para o empreendimento, o impacto ambiental em Dracena será baixo, mais na supressão de vegetação, por outro lado, a energia solar é sustentável e o país precisa desse componente para a matriz energética brasileira”, acrescentou. O material condutor nas placas é o silício que recebe a energia do sol.
“A usina pode ser instalada de duas maneiras, uma conectada com uma subestação ou direto na rede”, afirmou a engenheira.
POTENCIAL SOLAR – O doutor e professor da Unesp de Ilha Solteira, Carlos Alberto Canesin, dissertou o tema: “Energia Elétrica no Brasil e o Potencial Solar”.
Com experiência em produção de energia solar, que já funciona no campus da Unesp de Ilha Solteira, o professor explicou que a energia fotovoltaica demorou para chegar no Brasil. “A irradiação em São Paulo e em todo o país é favorável, infelizmente começaram a instalar no Nordeste, que ao contrário do estado de São Paulo, a temperatura é mais alta.
Canesin explica que as usinas fotovoltaicas funcionam melhor em temperaturas mais baixas. “Deveriam ser instaladas do Centro-Oeste do Brasil para o Sudeste, onde as temperaturas médias são favoráveis”, ponderou. Os painéis de células fotovoltaicas, serão instalados na direção Norte.
A vantagens apontadas pelo professor nessa forma de energia, é a redução da perda de até 20% da energia produzida, como ocorre com as hidrelétricas. Segundo Canesin, o preço da energia está subindo e pode elevar até 40% a mais nesse ano, devido o uso das energias térmicas, cujo custo de operação é mais alto.
SECRETÁRIO – O subsecretário de Energias Renováveis encerrou o Fórum, com a palestra “Energia Solar: alternativa e segurança energética para São Paulo”.
“Dracena teve o privilégio de ter tido a iniciativa de apoiar um investimento deste porte. A implantação de usina fotovoltaica, na minha opinião, é o futuro da energia no Estado de São Paulo, o estado tem matriz limpa, mas a base é a matriz hídrica e biomassa, a hídrica está praticamente esgotada, temos que buscar alternativas, o vento (energia eólica) é menos intenso, mas o nível solar é considerado um dos melhores do país”, apontou Milton Flávio.
A instalação das usinas, de acordo com o subsecretário, abre uma perspectiva muito boa para Dracena, que passa a ser inserida no sistema energético do país. “Isso faz com que há possibilidade de duplicar a capacidade geradora”, afirmou.
Milton Flávio reiterou que na Europa, micro usinas fotovoltaicas são instaladas em empresas e casas. “Tornando-os auto-sustentáveis, podendo vender a energia excedente, ou comprar a que irá faltar”, concluiu.
Participaram da mesa principal, o prefeito Pedretti, o secretário de Indústria, Comércio e Habitação, Luiz Vivaldo Schmidt, os três palestrantes, o presidente da Câmara, Francisco Rossi, o promotor do meio ambiente, Rufino Galindo Campos e o presidente do Programa de Desenvolvimento Sustentável (Prodes), Osvaldo Garcia.