A Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Dracena desde 2008 vem exercendo um belíssimo trabalho envolvendo cavalos, que traz cada vez mais benefícios a saúde dos alunos da entidade. A prática se chama equoterapia. Os profissionais que desenvolvem o tratamento afirmam que as sessões de cavalgada com os estudantes levam a avanços na qualidade de vida deles.
Localizada em uma área rural, na rodovia Byron de Azevedo Nogueira, o Centro de Equoterapia, de propriedade da Apae, foi inaugurado com solenidade no dia 27 de setembro de 2008, mas somente deu início as atividades alguns meses mais tarde. Devido ao sol intenso foi necessário fazer a cobertura da arena, com ajuda do Governo do Estado. Ontem, 27, o Centro completou seis anos de atividades no município.
Os três cavalos oriundos de doação complementam as sessões do tratamento. O local é adaptado para crianças e cavalos interagirem, tudo sob ao olhar atento de profissionais como, fonoaudióloga, fisioterapeuta, educador físico e psicóloga.
A equoterapia é um método terapêutico e educacional, que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem multidisciplinar e interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiências e/ou necessidades especiais.
Durante as aulas, que têm duração de 30 minutos cada, os alunos andam a cavalo com os monitores e ainda fazem carinho nos animais. Tudo isso faz parte do tratamento. Em média são atendidos oito alunos por dia, quatro no período da manhã e quatro à tarde.
De acordo com a psicóloga Regina Ueda, alguns pacientes têm dificuldades nos movimentos, na fala, no entendimento de tudo o que acontece ao seu redor. Em cima do animal, eles recebem estímulos focados nessas dificuldades. “Muitas crianças chegam com medo do cavalo, então trabalhamos com a escovação dos pelos, o aluno dá ração para o animal, dá banho, tudo isso para ele ir se aproximando do animal. Nem sempre é necessário estar montado para fazer as aulas de equoterapia”, explicou Ueda.
A psicóloga enfatizou ainda que a interação com o cavalo, incluindo os primeiros contatos, os cuidados preliminares, o ato de montar e o manuseio final desenvolvem novas formas de socialização, autoconfiança e autoestima nos alunos.
Durante as aulas são utilizados materiais pedagógicos para estimular ainda mais no aprendizado do aluno. Bola e garrafas suspensas com cores diferenciadas são um dos instrumentos mais usados em cima do cavalo.
Por se tratar de alunos especiais os cavalos também têm que ser bem preparados. Todos são dóceis, mansos e tratados pelo caseiro do local. Uma vez por semana, alunos do curso de Zootecnia da Unesp de Dracena vão até a Apae Rural trabalhar com os animais o processo de dessensibilização, acostumando os cavalos com os barulhos emitidos pelos alunos e objetos, e também tirando as ‘cosquinhas’.
Para fazer os exercícios os alunos passam por avaliação médica, exames de raio-x e avaliação da equipe de profissionais da Apae. São exercícios para melhorar a postura e a respiração. Tudo isso sobre o cavalo por conta dos movimentos tridimensionais que ele tem.
O fisioterapeuta Daniel Fernando salientou que dentro da equoterapia existem quatro programas: hipoterapia, educação (reeducação equestre), pré-esportivo e esportivo para serem trabalhados com os alunos no decorrer do tratamento e conforme a evolução de cada paciente.
O resultado da atividade é surpreendente. Ueda contou que uma vez um aluno com autismo e com dificuldade na fala de repente começou a falar durante uma aula de equoterapia, a partir de então, o menino só teve avanços no tratamento.
“A melhora é global pela quantidade de estímulos. É possível observar avanços na aprendizagem, aspectos físicos e sociais”, ressaltou a fonoaudióloga Emiliana Rossafa Storto.
As atividades podem ser desenvolvidas a partir dos 3 anos de idade.
COMPETIÇÃO – No fim do ano passado, alguns alunos participaram da 1ª Prova do Tambor, no Centro de Equoterapia, nas dependências da Apae Rural. Durante o campeonato os alunos foram divididos em categorias A, B e C. A categoria ‘A’ foi realizada com os alunos que estão no início do tratamento e necessitam do apoio de um técnico; a categoria ‘B’ com aqueles que já podem andar a cavalos sozinhos e a categoria ‘C’ com alunos que fizeram a prova do tambor e já conseguem galopar sem ajuda do técnico.
A intenção é que a Prova do Tambor volte a ocorrer novamente este ano.