Uma movimentada programação cultural vai homenagear Domitila de Castro Canto e Melo (1797-1867), a Marquesa de Santos, a mais conhecida das amantes do imperador d. Pedro I. Os eventos, que serão realizados entre a próxima sexta-feira e o dia 3 de novembro, relembram os 150 anos da morte da Marquesa e devem enfatizar seu protagonismo social em uma época em que às mulheres eram relegados papéis secundários, sempre sob a sombra do marido.
Na agenda, serão duas peças teatrais, dois saraus temáticos, uma exposição de imagens, duas caminhadas históricas, almoços com pratos alusivos a personagens da época e uma palestra.
“É importante aproveitar a oportunidade para ressaltar a importância histórica, social e cultural da Marquesa de Santos. Apesar de ter vivido quase 70 anos, ele foi amante de d. Pedro apenas por sete – mas todos acabam a associando a isto”, comenta o historiador e escritor Paulo Rezzutti, autor da biografia Domitila: A Verdadeira História da Marquesa de Santos.
“Se ela não tivesse sido uma mulher forte e importante para as relações culturais e a sociedade paulistana, fugindo do estereótipo da mulher do século 19, ela não seria mais do que uma nota de rodapé em alguma árvore genealógica.”
Domitila, como mostra Rezzutti em seu livro, foi grande doadora para a construção do prédio da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, auxiliou ainda muitos estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco e era presença constante em todos os importantes eventos daquela provinciana São Paulo imperial.
Sua casa – hoje o Solar da Marquesa, equipamento público administrado pela Secretaria Municipal de Cultura – sediava saraus com poetas como Álvares de Azevedo (1831-1852). Aliás, dentro da programação em sua homenagem está previsto um evento do tipo no mesmo endereço, no dia 3 – exatamente 150 anos após sua morte -, com início às 15 horas e término previsto para as 16h30. Rezzutti organizou esse sarau e também as duas caminhadas, por pontos que remetem à Marquesa.
Os demais pontos da programação foram ideia de Luiz Antonio Pereira dos Santos, proprietário do restaurante Cama & Café São Paulo, no centro. “Sou um apaixonado pela história dela”, afirma Santos.
No cardápio da casa, há um prato chamado Marquesa de Santos (um escondidinho de carne-seca) e outro chamado Imperador (carne-seca, purê de abóbora, banana-da-terra, arroz e feijão). Uma vez por mês, a casa recebe um sarau – e o próximo, na sexta, será dedicado à figura histórica.
No restaurante, serão encenadas duas peças em memória da Marquesa, nos dias 1.º e 2, e ocorre a palestra sobre sua história, dia 3, ao meio-dia. Durante todo o período, ficam expostas lá imagens da Marquesa de Santos e outras iconografias do período. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.