O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, deu posse hoje (12) no Rio de Janeiro à nova diretora do Centro Técnico Audiovisual (CTAv), Daniela Pfeiffer. Na cerimônia, ambos apresentaram um projeto para a realização de várias atividades previstas até o fim de 2018. O foco do órgão será a capacitação, mas também haverá preocupação com a preservação de acervo, a divulgação de conteúdo audiovisual e o estimulo à pesquisa.
Daniela Pfeiffer é produtora cultural, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e possui 17 anos de experiência no mercado audiovisual. Em seu discurso, o ministro Sá Leitão disse que ela terá o desafio de realizar quatro anos em um. “Identificamos que o CTAv pode ser o principal executor de uma política de formação e de capacitação no audiovisual e que tenha alcance nacional”, avaliou.
Fundado em 1985, o CTAv é fruto de uma parceria entre a extinta Embrafilme e a canadense National Film Board (NFB). Na época, o acordo de cooperação tinha como objetivo o apoio ao desenvolvimento da produção cinematográfica brasileira, dando prioridade ao realizador independente de filmes de curta, média e, eventualmente, longa-metragem. De lá pra cá, o CTAv passou por diversas transformações, se vinculou a distintos órgãos, mas permaneceu sendo um referência como polo de apoio à produção independente. Em 2003, foi incorporado à estrutura da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, na qual permanece desde então.
Entre as atividades previstas para 2018 estão cursos presenciais em diversos estados e também virtuais por meio de ferramentas digitais, apoio técnico a produções audiovisuais incluindo o empréstimo de equipamentos e a disponibilização de estúdios para produções de baixo orçamento, além da oferta de suporte aos realizadores. Também faz parte do projeto uma interlocução com a população do entorno da sede do CTAv, em Benfica, na zona norte do Rio de Janeiro, uma área cercada por comunidades.
“Hoje, um desafio que todos nós temos é dar um sentido e muitas vezes um sentido profissional aos nossos jovens, sobretudo nas periferias. Muitos vezes, os jovens não se sentem estimulados pelo tipo de emprego que lhes é ofertado. Sobretudo aqueles que já têm uma inserção no mundo digital ou que já têm uma tendência para a proatividade e não se interessam por atividades meramente mecânicas. E aí entra a atração da economia criativa”, disse Sá Leitão. Haverá cursos presenciais específicos para os jovens que vivem nas proximidades da sede de Benfica. O CTAv também planeja oferecer uma sala de cinema com programação regular e aberta à comunidade. Outra meta é abrir, em cidades diferentes, mais salas de cinema vinculadas ao órgão.
Mudanças
A chegada de Daniela Pfeiffer ao CTAv é parte das mudanças em curso no Ministério da Cultura. Recentemente, houve mudanças nas dinâmicas do comitê gestor do Fundo Setorial do Audivisual e do Conselho Superior de Cinema. Além disso, na semana passada, foi nomeado Christian de Castro como novo diretor-presidente da Agência Nacional de Cinema (Ancine), substituindo Débora Ivanov.
“Acho que nós podemos nos desenvolver mais e obter mais resultados para o setor de audiovisual e para a própria sociedade. O CTAv tem um potencial imenso que não vinha sendo trabalhado. Talvez por ficar ali em Benfica e longe de Brasília, ele ficou esquecido pelo ministério”, disse o ministro. Segundo ele, o Ministério da Cultura precisa pensar grande e, por isso, será entregue em breve ao presidente Michel Temer uma minuta para um Projeto de Lei ou para uma Medida Provisória que determine o repasse de 3% da arrecadação das loteriasfederais para a pasta. “Esse repasse já é estabelecido pela legislação atual, mas não acontece porque os recursos vão para o Tesouro e acabam não cumprindo a sua finalidade legal”.
Para Sá Leitão, com estes recursos seria possível ter o maior programa de fomento direto à cultura já realizado no Brasil, com aproximadamente R$350 milhões de reais, investimento que ajudaria a gerar renda e emprego no país. “O nosso desafio central é tornar o Ministério da Cultura relevante para a cultura e para a sociedade brasileira. Fazer com que ele retome a relevância. Ao longo do tempo, ele foi perdendo a sua importância e se apequenando de alguma maneira”, acrescentou.
A nova diretora do CTAv, Daniela Pfeiffer, disse ter ciência de que o orçamento do ministério não cobrirá todos os projetos, mas avaliou que eles são viáveis buscando recursos e parcerias fora da pasta. Ela também afirmou que as atividades de capacitação, sejam cursos, oficinas ou workshops, deverão levar em conta demandas do mercado. Segundo Pfeiffer, são quase 2 mil produtoras credenciadas na Ancine. “Não queremos só formar, queremos formar e ter interlocução com o mercado. E também para que esses formados possam ter uma fonte de renda e possam fazer disso uma carreira”.