Trabalhadores de diferentes categorias promovem atos hoje (5) contra a reforma da Previdência em diversas cidades. De acordo com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), uma das centrais que convocou o movimento, as mobilizações ocorrem em 25 estados. Para os trabalhadores, apesar de mudanças na proposta original, a reforma ainda representa perda de direitos. O governo defende que a reforma é necessária para reduzir o déficit e garantir o pagamento de aposentadorias e outros benefícios no futuro.
Convocada por centrais sindicais, a mobilização inicial era para uma greve geral nesta terça-feira, um dia antes de a Câmara dos Deputados votar a reforma. No entanto, o presidente da Casa, Rodrigo Maia, adiou a votação por causa da falta de votos suficientes para a aprovação – são necessários 308 votos. Com o adiamento, as centrais sindicais decidiram também suspender a greve geral.
Um das categorias que aderiu ao movimento foi a dos analistas-tributários da Receita Federal. Pela manhã, eles fizeram atos em aeroportos com o obejtivo de convencer deputados que estão viajando para Brasília e também os que estão chegando na cidade a votarem contra a reforma. “Conhecemos a realidade principalmente da arrecadação previdenciária e a gente sabe que a arrecadação tem muitos problemas, muitos devedores, muita sonegação. A gente sabe que esse é o principal problema da Previdência e uma reforma tem primeiro que discutir esse ponto”, diz o diretor do Sindicato Nacional dos Analistas-Tributarios da Receita Federal do Brasil (Sindireceita), Odair Ambrosio.
De acordo com o Sindireceita, levantamento feito em março deste ano aponta que a Receita tem cerca de R$ 1,67 trilhão de créditos a receber, incluindo os débitos parcelados e com exigibilidade suspensa por litígios administrativos ou judiciais. Deste total, 79,64% (R$ 1,33 trilhão) estão suspensos em processo administrativo ou judicial.
O sindicato estima que 7 mil analistas participam da mobilização, paralisando as atividades durante 24 horas. Procurada, por meio da assessoria de imprensa, a Receita Federal informou que não comenta a paralisação e não tem um balanço dos serviços suspensos.
Os técnico-administrativos das instituições públicas de ensino superior também participam da mobilização. A categoria está em greve há mais de 20 dias. A Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra), Gibran Jordão, classifica como questionável o mote de que a reforma acaba com privilégios.
“O funcionário público, a maiora, trabalha em uma situação precária. A maioria dos funcionários não recebe salário maior do que R$ 10 mil, a maioria não tem altos salários. Temos situações no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul que sequer recebem salário. Isso é situação de privilégio?”, diz.
O governo argumenta que a intenção da reforma é acabar com as diferenças entre os trabalhadores. Nos últimos discursos, o presidente Michel Temer destacou que a Reforma da Previdência não deve ser “ampla”, como a proposta inicial. A ideia agora é estabelecer a idade mínima para aposentadorias (62 para mulheres e 65 para homens) e equiparação do sistema público ao privado.
De acordo com o Resultado do Regime Geral de Previdência, divulgado pela Secretaria de Previdência, no acumulado do ano, o déficit previdenciário chega a R$ 156 bilhões – 21,8% maior que no mesmo período do ano passado. A arrecadação soma R$ 296,5 bilhões e a despesa, R$ 452,4 bilhões.