Um estudante de ensino médio dos Estados Unidos encontrou por acaso o fóssil de um bebê dinossauro superconservado, que se tornou nesta semana o exemplar mais completo já registrado de um parassaurolofo –um gigante herbívoro conhecido por ter uma chamativa crista.
Ironicamente, dois paleontólogos profissionais haviam passado dias antes a poucos metros do local em que o menino Kevin Terris encontrou o bicho, no sul do Estado de Utah. A dupla aparentemente não deu muita importância para os fragmentos aparentes do fóssil.
“No começo eu estava interessado em ver o que era aquela parte inicial de osso saltando para fora da pedra”, disse o estudante. “Quando nós expusemos o crânio, eu fiquei em êxtase”, completou Terris.
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Concepção artística do dinossauro apelidado de Joe; fóssil foi achado em Utah, nos EUA, por estudante do ensino médio |
Depois de escavado, o fóssil foi estudado por um grupo de pesquisadores que, junto com Terris, foram percebendo a importância da descoberta.
Em um esforço inédito para difundir a descoberta, o material foi todo escaneado em 3D e está disponível online gratuitamente, para que pesquisadores e interessados de todo o mundo também possam estudar o material.
O artigo relatando a descoberta foi publicado na revista de acesso livre “Peer J” e também pode ser acessado de graça (https://peerj.com/articles/182/).
O BICHO
O fóssil, datado de aproximadamente 75 milhões de anos atrás, tem uma série de peculiaridades que o tornaram um feito paleontológico importante. Além de estar praticamente completo, o esqueleto tinha ainda tecidos moles, o que permitiu analisar em ainda mais detalhes o animal.
Quando adulto, o réptil grandalhão passava dos 7,5 metros. O exemplar encontrado, no entanto, tinha cerca de 1,8 metro. Segundo os cientistas, ele morreu antes de completar um ano de idade.
Essa estimativa foi feita com base em uma peculiaridade dos ossos de muitos dinossauros grandes.
“Dinossauros têm anéis de crescimento anual em seus tecidos ósseos, como árvores. Mas nós não vimos [em uma amostra do osso do dinossauro] nem mesmo um anel. Isso significa que ele cresceu e chegou a um quarto do tamanho de um adulto em menos de um ano”, afirmou Sara Werning, da Stony Book University, uma das autoras do trabalho que descreve o animal.
Além de ter crescido tão rápido, o dinossauro –batizado de Joe em homenagem a um dos financiadores do museu envolvido no trabalho– já ensaiava uma pequena protuberância na cabeça.
“Isso é surpreendente porque dinossauros relacionados não desenvolviam sua ornamentação até que eles chegassem pelo menos à metade de seu crescimento. O parassaurolofo tinha de ter um início mais precoce por conta de seu ‘capacete’ exclusivo”, explica Andrew Farke, curador do Museu de Paleontologia Raymond M. Alf e autor principal do trabalho.
Além de seu caráter ornamental, os pesquisadores dizem que a crista desse dinossauro também contribuía para seus sistema vocal.
O esqueleto de Joe estava tão bem conservado que os pesquisadores conseguiram até fazer uma simulação dos sons que o bicho emitia.
Já celebridade no mundo paleontológico, o dinossauro ganhou um site próprio: www.dinosaurjoe.org.