O Sindicato dos Metroviários de São Paulo e o Movimento Passe Livre (MPL), dois dos movimentos envolvidos em uma manifestação que será realizada hoje contra o cartel em licitações do metrô e de trens, querem evitar que o ato se transforme em antecipação da campanha eleitoral contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB) pelo PT.

O partido não participa da organização, mas divulgou os “atos para denunciar a corrupção dos governos tucanos”. Na semana passada, o presidente da sigla, Rui Falcão, disse que petistas engrossariam a manifestação.

Os metroviários, cujo sindicato é ligado ao PSTU, e os militantes do MPL, que se declaram apartidários, prometem não poupar o governo estadual, mas dizem que o tema central são reivindicações por melhorias no transporte. Outros movimentos, como a CUT e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), apoiam o protesto.

“A gente não vê problema em fazer oposição ao governo. É o inimigo com o qual estaremos nos confrontando, mas a manifestação não é ‘Fora Alckmin'”, disse Marcelo Hotimsky, um dos representantes do MPL. “Nenhum partido vai ser hostilizado, mas é para ser um ato de denúncia, e não do PT ou do PSOL.”

Para ele, os crimes em licitações, assim como o reajuste da tarifa, contra o qual o movimento protestou em junho, indicam que a política de transportes “segue uma lógica que privilegia os empresários em vez dos usuários”.

Em junho, após a redução das tarifas, petistas foram convocados a ir às ruas para defender o governo Dilma Rousseff em uma manifestação do MPL, mas militantes foram hostilizados por grupos contrários à participação de partidos nos protestos.

Alex Fernandes, diretor do sindicato, não descarta os gritos de “Fora Alckmin”, “mas não porque ele é do PSDB”. “O governador e o PSDB são nosso centro, pela prática de cartel, mas estamos tomando cuidado para que não haja oportunismo eleitoral. Não quero ‘Fora Alckmin’ e ‘Viva Mercadante'”, disse.

Embora Aloizio Mercadante, ministro da Educação, fosse um dos nomes cotados para disputar o governo do Estado em 2014, o candidato do PT deve ser outro ministro, Alexandre Padilha (Saúde).

DOIS CAMINHOS

A manifestação deve começar às 15h, com concentrações no vale do Anhangabaú e na frente do Theatro Municipal, no centro de São Paulo. O trajeto, embora não esteja completamente definido, deve incluir uma passeata por diversos pontos da região central, entre eles os prédios do Ministério Público e do Tribunal de Contas do Estado até a entrega, por volta das 17h30, de uma carta de reivindicações na Secretaria de Transportes Metropolitanos.

Segundo Alex Fernandes, sindicalistas ligados ao PT queriam que a marcha seguisse até a Assembleia Legislativa do Estado para cobrar a instalação de uma CPI para investigar o cartel.

Como não haverá passeata até o Parlamento, a Central de Movimentos Populares convocou um outro protesto, que se concentrará às 17h na sede do Legislativo, com apoio da CUT.

A central, alinhada ao PT, promete dividir seus militantes entre os dois eventos, mas só levará carro de som à porta da Assembleia.

 Editoria de arte/Folhapress 
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