Enquanto adversários criticam o apelo eleitoral dos eventos que o Palácio do Planalto tem promovido, a presidente Dilma Rousseff intensificou o anúncio de recursos em uma série de solenidades pelo país.
A mudança de estratégia é recente. Se até meados de agosto Dilma mantinha um ritmo lento e desigual de anúncio de verbas, no último bimestre a presidente ampliou o número de eventos.
Ao lado de Alckmin, Dilma critica antecessores do PT por falta de investimento em metrô
Dilma libera R$ 13,5 bi para PAC 2 e diz que investimento não tem tom de campanha
Dilma faz hoje seu sétimo anúncio bilionário dos últimos dois meses, o que corresponde a pouco mais de um terço dos eventos realizados no ano com essa finalidade.
A agenda movimentada coincide com a ascensão no cenário eleitoral de 2014 da dupla Marina Silva-Eduardo Campos (PSB), cujas candidaturas, anunciadas em 5 de outubro, têm forte apelo sobretudo nos grandes centros urbanos. Foram nessas mesmas regiões que a avaliação presidencial despencou durante as manifestações de junho.
Não à toa, o Planalto privilegia lançamentos em grandes cidades. Até agosto, essa lógica não era tão evidente.
Da mesma forma que fez com paulistanos, cariocas, mineiros, portoalegrenses e soteropolitanos, a presidente anunciará hoje recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para o metrô de Curitiba e promete continuar sua turnê até o fim do ano pelas principais capitais.
De janeiro até agora, o Planalto organizou pelo menos 23 eventos para liberação de recursos. Somente neste mês Dilma promoveu sete solenidades –recorde no ano e número superior até ao de junho, mês das manifestações e do anúncio do tradicional Plano Safra federal.
No último bimestre, Dilma anunciou ao todo R$ 34,5 bilhões, sobretudo para obras de mobilidade. No bimestre anterior, foram R$ 24,2 bilhões, concentrados em apenas cinco eventos.
Parte dos desembolsos é oriunda do Orçamento federal, isto é, são transferências dos cofres do governo para Estados e municípios. Outra parcela, geralmente a maior delas, é fruto de financiamento de bancos estatais, como Caixa Federal e BNDES.
Embora o Planalto negue o apelo eleitoral, a estratégia usada agora é um expediente comumente praticado às vésperas das eleições que funciona da seguinte forma: o governo anuncia uma verba de que não dispõe imediatamente e que, por isso, só vai ser paga dali a alguns meses.
Foi o que ocorreu na última quinta-feira, quando Dilma comunicou que liberaria R$ 13,5 bilhões para obras de saneamento e pavimentação para municípios. O dinheiro só será pago no ano que vem.
Uma porção desses recursos já havia sido prometida pela presidente em março passado, em seus discurso durante encontro com novos prefeitos, em Brasília.
A liberação de verbas é duplamente explorada pelo Planalto. Além das solenidades para anúncio das medidas, o governo ainda promove eventos para celebrar a assinatura dos contratos.